Enviada em: 16/10/2018

Recentemente no Rio de Janeiro, um caso ganhou destaque na mídia: a prisão de "Nem", o até então chefe do tráfico na Rocinha. No entanto, a política antidrogas brasileira mostra-se ineficiente, pois ela foca nos pequenos e médios traficantes e não nos gigantes, além de dar mais importância à repressão e às penas criminais do que a atacar a raiz do problema, que é a falta de oportunidades.       Em primeiro lugar, é importante destacar que o Brasil trata o pequeno traficante como se fosse o principal problema, o qual na verdade é apenas um "soldado" dos "generais do tráfico". Enquanto aparecem quase que  diariamente na televisão casos de "microtraficantes" apreendidos em operações policiais, são raras as vezes nas quais se vê a prisão de um grande negociante de drogas, como houve por exemplo no caso em que foi descoberto um helicóptero de drogas pertencente a um político. Logo, os responsáveis pelas políticas públicas que envolvem as drogas ilícitas deveriam dar enfoque nos vetores mais influentes do tráfico.       É importante perceber também que além disso, outro fator que contribui para a ineficiência é o foco na repressão e penas criminais e não na melhoria de oportunidades oferecidas aos cidadãos. Em entrevista, Luiz Guilherme Paiva - doutor em Direito Penal pela USP - disse que é necessário que o Judiciário e a administração pública mudem a forma repressiva com que lidam com a situação. Se o governo pune os traficantes mas não investe na melhoria de oportunidades, é como se estivesse eliminando a secreção e não o vírus, em uma gripe. Assim, fica evidente que as políticas antidrogas devem incluir a melhoria das oportunidades na sociedade.       Portanto, o foco na repressão e a falta de oportunidades fazem com que as medidas públicas acerca das drogas não tenham a eficiência esperada. Diante disso, o governo federal deve tirar parte da verba da polícia e aplicar na educação, para que, por meio da abertura de escolas, o tráfico seja cada vez menos abastecido por crianças sem perspectivas.