Enviada em: 19/10/2018

Política antidrogas: um caso de ineficiência.        "A violência, seja qual for a forma como se manifesta, é sempre uma derrota". Diante da assertiva de Jean Paul Sartre, filósofo existencialista, pode-se inferir que a ineficiência política antidrogas brasileira, a qual é pautada em violência e repressão, é uma derrota para toda a sociedade. Sob essa ótica, discute-se acerca das causas da ineficácia dessas ações. Ademais, quais as consequências advindas desse tema e como é possível mitigá-las?       Deve-se pontuar, de início, que a dependência química é uma doença e não uma escolha. Deste modo, o usuário de drogas deve ser tratado como um doente e não como um algoz. Entretanto, no Brasil, as medidas adotadas pelo governo para diminuir o consumo de entorpecentes, como o endurecimento da Lei de Drogas, por exemplo, vão de encontro a essas idéias. Isso ocorre devido ao poder de influência da sociedade na atuação do estado, a qual, infelizmente, considera o dependente um criminoso, o que, segundo Durkheim, é considerado um fato social. Dessa forma, ao invés de receberem tratamento médico e psicológico, essas pessoas são enviadas para cadeias, locais onde o acesso às drogas é facilitado, sem nenhum apoio no sentido de combater o vício existente. Como resultado, tem-se o superlotamento dos presídios e uma das maiores populações carcerárias do mundo.        Além disso, reduzir o consumo de entorpecentes é uma questão muito mais econômica do que de segurança. O tráfico de drogas é um negócio muito lucrativo e para geri-lo não são necessárias habilidades, qualificações ou estrutura complexas. Dessa forma, uma grande parcela da população, a qual não tem acesso a educação de qualidade e, consequentemente, terá dificuldades de inserção e de sucesso no mercado de trabalho, vê no tráfico uma oportunidade profissional. Assim, corroborado a teoria de Darwin, se adapta da melhor forma ao meio em que vive. Somado a isso, tem-se a lógica capitalista, que se sobressai aos valores morais e éticos. Assim, imediatamente após a prisão ou a morte do comandante de um comércio de drogas, outra pessoa assume a operação.       Torna-se evidente, portanto, que a política antidrogas deve ser reformulada. Em razão disso, o Ministério da Saúde, com o remanejo de verbas utilizadas, hoje, no sistema carcerário, deve ampliar a rede de tratamento para dependência química, para que o número de usuários de drogas diminua. Além disso, o Ministério da Educação deve disponibilizar ensino público de qualidade a toda a população, de modo que, independente da classe econômica, o cidadão tenha condições de construir uma carreira profissional legal e com boa remuneração e não veja mais o tráfico como uma oportunidade.