Enviada em: 14/08/2019

A série "Narcos" retrata como o tráfico de drogas é lucrativo. Nessa perspectiva, a grande quantidade de dinheiro obtido pela venda ilegal de substâncias ilícitas é usada para financiar as diversas esferas do crime organizado. Fora da ficção, mas com realidade semelhante, a ineficiência da política antidrogas brasileira gera um contexto semelhante ao apresentado pela trama. Com efeito, para mitigar a situação, deve-se desconstruir a omissão escolar sobre o tema e o equivoco na abordagem do Estado.    Em primeiro plano, evidencia-se que o padrão atual de educação no país agrava a questão. A esse respeito, de acordo com Paulo Freire, a escola deveria agir como agente conscientizador. Entretanto, o modelo educacional do Brasil não se preocupa com os problemas além dos conteúdos pragmáticos do ano letivo. Esse contexto, ocasiona em uma realidade na qual a escola não direciona os alunos para a vida em sociedade, o que, por exemplo, leva mais pessoas ao consumo de entorpecentes, visto que os institutos de educação não abordam, desde os primeiros anos da infância, essa temática e, consequentemente, não expõe seus problemas e implicações. Dessa forma, para evitar o crescimento do número de usuários de drogas, é imprescindível desfazer o modelo educacional vigente e usar esse espaço para conscientizar.    De outra parte, a abordagem equivocada do Estado reforça ainda mais o problema. Nesse viés, Luís Roberto Barroso - Ministro do Supremo Tribunal Federal - afirma que o país falhou na guerra contra as drogas. Para o Ministro, mesmo a nação gastando bilhões de reais anualmente, os índices de consumidores de narcóticos aumentam exponencialmente. Nesse cenário, o Estado brasileiro foca todos os seus esforços na ostensividade, isto é, na prisão em detrimento da prevenção. Essa lógica, gera um encarceramento em massa de jovens sem antecedentes criminais e com pouca quantidade de maconha, por exemplo. Logo, faz-se necessário repensar a política atual brasileira com intuito de direcionar as ações do Estado na prevenção do uso e, também, no tratamento de usuários de drogas, o que direcionaria o país para uma abordagem mais efetivo em relação à temática.    Urge, portanto, ações para amenizar a ineficiência da política de drogas no país. Para isso, o Ministério da Educação deve incentivar a abordagem do tema, sem tabus, nas escolas, por meio de palestras, com o intuito de conscientizar os alunos, o que evitaria o surgimento de novos usuários. Ademais, o Governo Federal, em parceria com os Ministérios dos Direitos Humanos e da Saúde, deve propor campanhas publicitárias, nas mídias sociais, para alertar a população sobre os perigos da droga para previnir o seu uso, além de proporcionar acompanhamento semanal, com psiquiatras, para ajudar os usuários se livrarem do vício. Assim, a realidade apontada em "Narcos" ficaria limitada à ficção.