Enviada em: 31/07/2018

O ambiente tenebroso da obra "Ensaio sobre a cegueira", de José Saramago, mimetiza a atual situação trabalhista no Brasil. Dados oficiais do governo registram mais de 13 milhões de desempregado. Desde 2017, quando atingiu-se o patamar, há promessas de investimento para diminuir o desemprego. Entretanto, os jovens não encontraram mudanças de cenário para ingresso no mercado de trabalho.       Indubitavelmente, não se pode apontar uma única causa à atual situação de desemprego nacional. A situação foi construída com o passar dos anos, associando-se a instabilidade política, a insegurança de investidores na economia brasileira, o fechamento de postos de trabalho, a redução do poder aquisitivo. Essas e outras causas levaram à explosão de desempregados e desocupados. Alguns defensores de ideologias justificam esse fato pelo aumento da população economicamente ativa. Contudo o país que não reduz o desemprego e investe na juventude caminha à recessão.       Diante do exposto, pesquisas trazem resultados ainda mais preocupantes. Cada vez mais, aumenta a proporção de jovens ociosos. Isto envolve pessoas de 16 a 23 anos que não trabalham de modo formal ou informal. Como resultado, os jovens estão excluídos da população economicamente ativa. Os otimistas poderiam pensar nessa massa dentro de universidades e escolas técnicas a ser capacitados para uma nova demanda social de mão-de-obra. Outrossim não é o que outros dados sinalizam.       Apesar da abertura de universidades e escolas técnicas federais em diversas e descentralizadas áreas do Brasil, houve redução do número de concluintes de cursos profissionalizantes e técnicos. O país, atualmente, forma doutores que saem das universidades sem garantia de empregos. Por outro lado, cresce o número de jovens que se distanciam da conclusão do ensino médio. Além disso, a juventude que está cada vez mais próxima da tecnologia não a usa em benefício da sua formação e como ferramenta ao mercado de trabalho. Departamentos de recursos humanos afirmam que há vagas, mas não existem profissionais capacitados, inclusive em áreas de tecnologia.       A Constituição Federal brasileira corrobora como direito fundamental a oferta de trabalho. Dessarte, o Estado precisa controlar, prevenir e vigiar os aspectos causadores do desemprego dos jovens. Para muitos parece simples: investir na qualificação e estimular a abertura de novos postos de trabalho. Todavia, por ser considerado multicausais, outras ações devem ser colocadas em prática. Faz-se necessário investir na educação técnica e profissionalizantes já na educação infantil, aumentar a oferta de estágios nas instituições pública e privada, incentivar a oferta de primeiro emprego.Ademais, é necessário investir na formação de profissionais a longo prazo, iniciados na juventude.