Enviada em: 03/03/2018

Ao longo da história são relatados diversos casos de humilhações sofridas por minorias, com destaque para o assédio sexual, enfrentado principalmente por mulheres. Entende-se através desse conceito todo e qualquer ato de constrangimento, perseguição ou desmoralização com fins libidinosos – envolvendo ou não contato físico -. A persistência desse comportamento até os dias atuais é inaceitável e reflete uma sociedade doente. Urge, portanto, medidas reeducativas capazes de reverter o quadro de modo a criar um panorama de segurança e conforto para as atuais parcelas prejudicadas.        Situações de constrangimento sexual estão presentes no dia-a-dia dos cidadãos de modo cada vez mais frequente: no transporte público, nas ruas, nas redes sociais e até mesmo nos ambientes de trabalho e nas instituições formais. A mídia televisiva dá destaque aos casos considerados mais graves, como a situação recente em que um homem ejaculou em uma passageira em um ônibus no Rio de Janeiro e os estupros, no entanto, é importante ressaltar que as formas de assédio podem estar presentes de formas tênues e quase imperceptíveis, tais como gestos, emissão de sons e vocabulário desrespeitosos, bem como regras de vestuário, sendo todas essas passíveis de denúncia.       Para o filósofo Michel Foucault, é a desigualdade da correlação de forças que induz estados de poder sempre localizados e instáveis. Com base nisso, pode-se entender como uma das razões para a indiferença dos indivíduos em relação ao assédio a grande banalização do patriarcalismo na sociedade, induzida até mesmo pela mídia através da venda do corpo feminino em prol da divulgação de produtos. A influência da família na educação da criança também coopera para a permanência do problema, visto que é comum a criança do sexo masculino ser estimulada a se relacionar de forma abusiva para sua própria satisfação, enquanto o grande aparato histórico ensina meninas a serem submissas e se omitirem perante a essas situações.         Haja vista o risco ao qual as vítimas de assédio estão expostas e a posição privilegiada dos principais causadores disso, fica evidente a necessidade de solucionar o problema. Ao Ministério de Segurança Pública em parceria com o MEC, cabe o investimento na produção e transmissão -em horário nobre na rede televisiva e em locais de grande circulação diária de pessoas- de campanhas audiovisuais que demonstrem a situação invertida, colocando os assediadores na posição das vítimas na tentativa de evidenciar o desconforto e reverter a situação através da experiência sensível. É válida, ainda, a disponibilização de um canal oficial de comunicação direto e anônimo, tal como telefone ou aplicativo, para que sejam registradas as denúncias pela população até dos casos mais tênues, visando à notificação e o conhecimento do Estado sobre o ocorrido e a tomada de providências adequadas.