Enviada em: 13/04/2018

"O que sabemos é uma gota; o que ignoramos é um oceano". A célebre frase do físico Isaac Newton retoma uma questão latente e não resolvida no Brasil: o assédio sexual. A ponta do iceberg é o que se vive atualmente, mas toda a sua estrutura está presente e ao mesmo tempo ignorada há muito tempo. Sendo assim, é observada a negligência dos casos de crime sexual, em que a vítima torna-se culpada e a impunidade assume o papel principal.       A priori, vale ressaltar que,o contexto em que o assédio sexual está inserido não é novo e já criou raízes na sociedade há anos. Desde os primórdios da colonização, as famílias possuíam o machismo e o patriarcalismo como base da sociedade, obrigando as mulheres a assumirem um papel de submissão diante dos homens. Hodiernamente, apesar das grandes conquistas femininas, é observada uma troca de papéis, em que a mulher deixa de lado sua figura obediente para ser vista como um objeto sexual diante dos olhos masculinos. Indubitavelmente, o apelo midiático tem sua parcela de culpa dentro desse espaço preconceituoso e machista, haja vista, as propagandas expositivas e rotineiras com as mulheres com vistas ao lucro.        Outrossim, há um cenário muito presente de culpabilização das vítimas de crimes sexuais. Tais mulheres veem sua liberdade cerceada por julgamentos incoerentes,como o tipo de vestimenta adequada a se vestir ou o horário certo para ir e vir dentro de sua rotina, a fim de não provocarem os assediadores.Sendo assim, as mulheres afastam-se do ato de denunciar, uma vez que, ao adentrarem numa delegacia como vítimas, poderão sair de lá rotuladas como incitantes do ato de assédio. Ademais,o comportamento supracitado atrelado às leis engessadas e brandas do país corroboram para que a impunidade reine soberana em meio a sociedade.          Destarte, é de suma relevância que o Governo trate com prioridade o crime de assédio sexual, intervindo imediatamente no cerne da legislação para que a impunidade seja um fato inexistente em um curto período de tempo. Além disso, é necessário que se difunda maciçamente campanhas, por parte das autoridades responsáveis, que tratem abertamente do assunto, destrinchando, por exemplo, os tipos de assédio existentes, a valorização da liberdade feminina, bem como a importância da denúncia por parte das mesmas. Agregado a isso, é sempre oportuno e fundamental o papel da escola na construção de uma sociedade melhor e mais digna, mostrando o verdadeiro valor de se conhecer os problemas desde a sua origem embrionária, para que a solução seja certeira e definitiva, e não superficial e hipócrita.