Enviada em: 16/05/2018

Com a chegada portuguesa em terreno brasileiro, a relação entre admiração pelas terras e ambição por lucro, além de diretamente proporcional, mostrou-se gradativa. Embora cinco séculos já tenham se passado, a mentalidade brasileira ainda reflete, com clareza, uma das influências mais negativas deixadas por europeus em solos tupiniquins: a cultura da exploração desenfreada — que, evidentemente, projeta seus efeitos contraproducentes na sociedade, cabendo, desse modo, uma reavaliação estrutural coletiva acerca da conjuntura do crescimento do agronegócio no Brasil.        Em princípio, é imprescindível considerar que a condição de país rural está intrinsecamente vinculada à industrialização tardia, uma consequência do período colonial, além da grande biodiversidade e extensão territorial disponíveis. Após a Revolução Verde, os avanços científicos e tecnológicos corroboraram com a produção em massa, e, em decorrência do uso de produtos químicos para otimização dos processos produtivos, como agrotóxicos e fertilizantes, houve expressivas alterações nos ecossistemas, como o advento de fenômenos como eutrofização, lixiviação e magnificação trófica. A perda de biodiversidade, desse modo, representa uma das consequências nocivas da expansão agrotécnica a médio e longo prazo, haja visto que ameaça não somente a produção futura, mas também a vida humana no meio.     Em contraponto, as atividades agrárias são uma das fontes econômicas mais rentáveis, especialmente no Brasil. Em decorrência da crise, uma grande parte do setor terciário, que representa 60% da mão de obra e se caracteriza pela venda de serviços ou produtos, teve postos de trabalho reduzidos. Embora um relevante contingente populacional tenha sofrido desemprego estrutural, o setor primário, responsável pela matéria-prima, demonstra sua solidez, uma vez que grande parte do PIB nacional é advindo dos campos, além de a produção alimentícia para abastecimento interno e externo ser irredutivelmente importante.         É notória, portanto, a imprescindibilidade de investimentos, pelo Ministério da Educação (MEC), nos tecnopólos nacionais, a fim do desenvolvimento de novas técnicas mais sustentáveis e menos prejudiciais ao meio. Além disso, salienta-se a necessidade de uma maior investigação, controle e penalização, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), dos responsáveis pelos indicadores de focos de degradação no solo e recursos hídricos, com intuito de atenuar seus efeitos ao longo do tempo. Nesse sentido, as consequências da interferência das grandes navegações em solos brasileiros ficarão apenas na esfera atlântica, de modo haja a retomada de uma postura ancestral de valorização e preservação da natureza e convivência mutualística.