Enviada em: 27/05/2018

Os fisiocratas foram economistas do período denominado Ilustração e defendiam a ideia de que a terra é a principal fonte de riqueza e que outros setores, como indústria e comércio, apenas a transformam e garantem sua circulação. No Brasil hodierno, a agroindústria é a base da economia e isso demonstra que o ideal fisiocrático é uma realidade do cenário econômico nacional. Todavia, a expansão do agronegócio gera constantes polêmicas e a presença de trabalho escravo e a ocupação de reservas indígenas evidenciam uma perspectiva negativa dessa atividade.       Apesar da promulgação da Lei Áurea, em 1888, o trabalho escravo ainda é utilizado em locais de intensa atividade pecuária e agrícola, como no Nordeste brasileiro. Nessa região parte da população ainda não consegue suprir necessidades básicas, como a alimentação, e, de posse dessa informação, os proprietários de grandes extensões de terra exploram essa carência oferecendo, por exemplo, alimento em troca de mão de obra. Consequentemente, é comum os latifundiários manterem essa relação de servidão por meio de violência física, psicológica e, em alguns casos, privação do direito de ir e vir. Logo, essa realidade é uma característica comum do sistema feudal da Alta Idade Média e inadequada à contemporaneidade, o que pressupões que ações sejam realizadas para combate-la.       Ademais, ressalta-se que a expansão agrícola avança no território nacional invadindo parte das reservas indígenas. Para dar seguimento ao processo de concentração fundiária, parte dos grandes proprietários de terras se apropriam de locais concedidos aos primeiros habitantes do Brasil, pois não existe uma fiscalização efetiva que garanta a segurança desses povos. Dessa forma, as necessidades dos índios, como disponibilidade de terra para morar e plantar, são ignoradas para garantir a expansão territorial da agropecuária, o que caracteriza o individualismo da sociedade moderna defendido pelo sociólogo Zygmunt Baumam em sua obra "Modernidade Líquida".       Urge, portanto, que ações sejam realizadas com o fito de resolver as polêmicas acerca da expansão do agronegócio no Brasil. Mormente, a Subcomissão de Combate ao Trabalho Escravo, juntamente com a sociedade, deve combater o trabalho escravo, com foco nas regiões onde a agroindústria predomina, por meio de uma divulgação mais ampla dos canais de denúncia dessa prática criminosa nos veículos de comunicação em massa. Dessa maneira o objetivo é estimular as pessoas a delatarem os casos de servidão para que os praticantes sejam submetidos à lei. Concomitantemente, a Fundação Nacional do Índio, em parceria com as forças de segurança pública, deve garantir a integridade territorial e física dos indivíduos que habitam as reservas indígenas, por intermédio de uma presença constante de agentes nesses locais, sendo assim será possível desestimular a invasão dessas terras.