Enviada em: 15/01/2019

É certo que existem várias polêmicas acerca da expansão do agronegócio no Brasil, seja na esfera ambiental, política ou social. Como nação essencialmente agroexportadora, o peso da agricultura e pecuária no PIB nacional não pode ser menosprezado, ademais, milhões de empregos diretos e indiretos são gerados por essas atividades em todo o país. Entretanto, é preciso que essa expansão seja regulada para que se preserve o equilíbrio entre os interesses econômicos e ambientais, tão antagônicos na sociedade moderna.                O agronegócio no Brasil está estritamente ligado à formação da identidade nacional, passando pelo ciclo da cana de açúcar no século XVII e pelo ciclo do café, iniciado no século XIX. Com o advento das revoluções industriais, o país continuou dependente economicamente dessas atividades. A chegada da revolução verde fez com que terras antes impróprias para plantio passassem a ser cultiváveis, o que desencadeou a expansão da fronteira agrícola, principalmente pelo centro-oeste e norte do país, batendo às portas da floresta amazônica, patrimônio ambiental nacional e mundial.                  Historicamente, as decisões políticas do país são fortemente influenciadas por interesses do agronegócio. Com tradição de grande representação no congresso nacional, a bancada desse setor nunca permitiu que questões ambientais fossem obstáculos à expansão das plantações, o que gera constantes debates entre ambientalistas e produtores rurais. As leis ambientais existem, mas sabe-se que não têm muito efeito prático, haja vista que não vêm impedindo a destruição anual de milhares de quilômetros de florestas para dar lugar a pastos e plantações.                         No tocante à questão social, a expansão do agronegócio acentua a concentração fundiária no país, um dos fatores que caracterizam o abismo social que existe no Brasil entre ricos e pobres. Muitas cidades de pequeno porte no interior do país têm suas economias totalmente dependentes do meio rural. Apesar de gerar empregos, esse setor concentra a renda na mão de poucos proprietários de terra, o que dificulta a ascensão social das camadas de menor poder aquisitivo nessas cidades.                         Dessa forma, vê-se que a questão da expansão do agronegócio no Brasil é complexa e com muitas nuances a serem consideradas. É necessário que os novos governantes incentivem cada vez mais a industrialização do país, de modo que se dependa cada vez menos economicamente daquele setor, assim como acontece atualmente em países mais desenvolvidos. Ao mesmo tempo, os legisladores devem garantir que as leis ambientais sejam efetivamente aplicadas, cominando punições exemplares aos que infringem essas leis, pois o preço de se degradar o meio ambiente será muito maior que qualquer ganho econômico.