Enviada em: 15/10/2018

Na época de ouro do cinema Hollywoodiano, durante o século XX, a publicidade voltada para a venda de produtos de patrocínio dos filmes era comum e evidente. Ao acordar, por exemplo, o galã levava à boca o maior símbolo de status da época, o cigarro. Assim foi marcada toda uma geração, cujos reflexos são sentidos hodiernamente, tanto pelo hábito, pouco mudado, quanto pela mesma natureza nociva da droga, reiterada em tempos modernos pelo prazer causado pela nicotina, que deixa e segundo plano as consequências nefastas trazidas à saúde.  São conhecidos mundialmente os efeitos catastróficos da droga, como o aumento significativo de propensão ao câncer, cerca de 30% segundo dados do SESI, e diversas doenças pulmonares, cujo preço é a morte de, em média, 24,8 mil brasileiros por ano, segundo IBGE e Fiocruz. Esse processo, acelerado pelos diversos componentes pesados, como DDT (pesticida), níquel e, até mesmo, polônio - material radioativo - é mascarado por um dos fatores atrativos para a venda do produto, o uso de flavorizantes para mudar o sabor, que propicia uma primeira experiência falsamente agradável. A proposta da Anvisa para a proibição desse aditivo e sua aprovação pelo Supremo Tribunal Federal é louvável e fundamental, pois o real gosto não é sensível ao primeiro trago e, com os anos, torna-se muito mais amargo: o sabor paulatino da morte.  A iniciação ao ato de fumar com um cigarro com uma sensação no paladar mais amena, quando atrelada aos velhos hábitos, torna o combate dessa droga entre o público jovem cada vez mais difícil. Segundo dados do ERICA, há prevalência de consumo na região sul do país e a explicação está atrelada ao processo de imigração europeia, sobretudo alemã, conhecidos por seu forte hábito fumante, concomitante ao crescente mercado de cinema no Brasil, o maior marketing do século passado. Avós foram fumantes passivos para bisavós, avós para pais e pais para a geração atual, corroborando para o pensamento de Kant, "o ser humano é aquilo que a educação faz dele".  Talvez essa frase não seja apenas uma explicação para a problemática, mas também a chave para a sua solução. O uso consciente da publicidade, mostrando a real consequência do uso da droga, transformando-a em propaganda e aumentando-as nos veículos de comunicação, bem como o a educação dentro da família são fundamentais. Uma expansão no investimento no SUS e nos Centros de Apoios Psicossociais, para o cuidado dos já doentes e para os que sofrem com as consequências psicológicas de abandono do vício, e o auxílio do Ministério da Educação com a criação de cartilhas de distribuição nas escolas são propostas imediatas para a solução. Reeducar e romper com os maus hábitos são primordiais, para, assim, sermos um reflexo mais notável para a próxima geração.