Enviada em: 11/07/2018

O livro “A ferro e fogo” de Warren Dean narra os primeiros anos dos portugueses no Brasil, os quais tinham a percepção da natureza como uma força contraditória ao desenvolvimento, necessitando da destruição da Mata Atlântica para o progresso. Analogamente, a civilização faz uso indiscriminado da água disponível, permeado de abuso e desperdícios, acarretando crises hídricas. Nesse sentido, o Brasil é um dos países que mais sofre os reflexos, tendo em vista a necessidade da água para manutenção da sua matriz energética. Contudo, tais problemas são possíveis devido ao desperdício do recurso hídrico, além da má gestão governamental.  Por esse viés, observa-se que apesar da água ser um recurso renovável, a sua reutilização de maneira potável não é tão simplória, demanda alto investimento financeiro, o que demostra a gravidade do desperdício. Decerto, ao contrário do senso comum, a maior utilização dessa matéria-prima no Brasil não é diretamente por uso doméstico e sim pelo agronegócio e indústrias. Dessa forma, a Agência Nacional das águas prevê que 70% da água brasileira utilizada seja direcionada para irrigações, além da manutenção das indústrias. Assim, somada à falta de chuva, em algumas cidades, para o abastecimento de represas, o desperdício contribui para o colapso da produção de energia no país, que é dependente de hidrelétricas.  Ademais, a atual conjunta da matriz energética brasileira potencializa os impactos na geração de energia. Certamente, com o intuito de aproveitar a grande quantidade de rios no país, além de um relevo propício, o Brasil optou pelo uso de hidrelétricas, em detrimento dos demais. Isso fica claro com dados do Governo Federal, nos quais 80% da energia do país advêm dessa matriz. Entretanto, tendo em vista que, ao contrário dos imprevistos, as crises podem ser especuladas, há uma necessidade de maior diversificação da matriz energética, com o intuito de evitar eventuais cortes energéticos, já que a crise hídrica é uma realidade. Assim, casos como os apagões ocorridos no país em 2015, devido à escassez de água, poderiam ser evitados. Fica claro, portanto, que a crise hídrica tem impacto direto na produção e distribuição de energia, o que urge necessidade de mudanças. Destarte, cabe ao Governo Federal realizar parcerias com entidades privadas para a reutilização da água de esgotos em processos de irrigações e industriais. Assim, centros de tratamento dessa água devem ser criados, não para utilizá-la de maneira potável, mas sim em tais processos. Por conseguinte, o desperdício será mitigado, afetando menos a manutenção da geração de energia. Outrossim, o país precisa investir, a longo prazo, na utilização de novas fontes de energia renováveis e sustentáveis, como eólicas e solares, com o intuito de amenizar a dependência energética das hidrelétricas, se preparando para eventuais escassezes hídricas.