Enviada em: 20/05/2019

Em meados de 1970, ocorreu no Brasil um movimento denominado Poesia Marginal, o qual foi um dos responsáveis por romper com alguns estereótipos da arte e disseminá-la à população marginalizada. Contudo, a democratização do acesso à cultura ainda se configura como um dos principais problemas sociais. Nesse sentido, destacam-se fatores que potencializam essa problemática, como: a forte desigualdade social e o acesso à educação qualificada.  De acordo com dados divulgados pelo IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-, apenas 7,3% dos municípios possuem cinema, estando a maioria destes em regiões desenvolvidas. Assim, as dificuldades de acesso físico a estabelecimentos culturais, comporta-se como um entrave social, tendo em vista que a ausência desses locais em regiões interioranas e periféricas intensifica a marginalização de minorias. Além disso, embora exista a Lei de Incentivo a Cultura- Lei Rouanet-, a falta de acessibilidade econômica em alguns eventos artísticos propicia a camarotização cultural, à medida que apenas quem possui maior poder aquisitivo consegue prestigiá-los. Ademais, a falta de acesso a uma base educacional diversificada é um dos fatores socioeconômicos que intensificam tal desafio. Com isso, segundo a Secretaria do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, há uma forte desigualdade na escolarização básica no Brasil. Dessa forma, o indivíduo que não recebeu uma base escolar ampla e  consistente não possuirá o pleno conhecimento de sua própria cultura e, por conseguinte, não estará apto à compreendê-la em sua forma popular e erudita de maneira plena, crítica e autônoma.  É necessário, portanto, que essa conjuntura sofra mudanças significativas. A fim de que isso ocorra, é mister que o Ministério da Cultura, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Regional, crie mais centros culturais, principalmente em regiões economicamente vulneráveis, por meio de licitações e investimentos de iniciativas privadas, com o objetivo de evitar uma limitação no acesso a diversidade cultural pelos grupos marginalizados.Além disso, é imprescindível que o Ministério da Educação, em parceria com o Ministério da Cultura, desenvolva novas disciplinas obrigatórias que abranjam a cultura brasileira, por meio de emendas na Base Comum Curricular, em todas as instituições de ensino, para que os indivíduos tenham maior conhecimento de sua identidade cultural desde as idades mais tênras. Logo, o acesso a cultura será mais democratizado e obter-se-á melhores perspectivas.