Enviada em: 21/05/2019

O renascimento, conhecido como um movimento de ruptura de certas culturas na Europa, já apresentava um fato que iria se refletir até o século XXI: a produção cultural financiada pela elite. Assim, tal monopólio cultural corrobora, na contemporaneidade, com a falta de democratização do acesso à cultura no Brasil. Nesse sentido, urge a necessidade de se discutir essa realidade de modo a identificar e combater seus impactos no cotidiano da população.        Em primeira instância, é válido citar que, para a UNESCO, a cultura oferece à população a capacidade de reflexão, e através da dessa, o homem discerne valores e procura novas significações.  No entanto, evidencia-se que, no atual cenário, apenas uma minoria parcela da sociedade -possuidoras de um maior poder aquisitivo- têm acesso aos meios culturais. Dessa forma, os indivíduos pertencentes à classes mais marginalizadas, muita das vezes, crescem limitados não só do acesso à internet, como de bibliotecas, ficando, portanto, exclusos das intrínsecas "reflexões" e ,consequentemente, propícios à alienação.    Cabe salientar, outrossim, que de acordo com o filósofo brasileiro Jessé Souza, a sociedade é dividida entre consumidores de cultura e não consumidores. Tal divisão, entretanto, vai além do fator econômico, dependendo também de estímulos para se obter o hábito de frequentar, por exemplo, instituições como museus e teatros. Ora, nesse contexto, o termo "apartheid cultural" -no qual regiões periféricas encontram-se distantes desses recintos- torna-se grande fator para a hordierna segregação. Deste modo, tais lugares, que na teoria são públicos, configuram-se de difícil  acesso a massa popular, separando-os.    Infere-se, pois, que são imprescindíveis intervenções para combater essa vicissitude. Faz-se necessário, logo, que o Governo Federal, recorrendo ao Ministério da Cultura, garanta maior homogeneidade do acesso aos veículos culturais, por meio da formulação de leis que tornem obrigatória a construção de bibliotecas, cinemas, teatros, e outros, em todos os bairros, e não apenas nos centrais. Tais medidas atuarão de forma a retirar o problema da inércia, e em síntese, viabilizar-se-á, diferentemente da vigente e do o renascimento, uma justa democratização cultural.