Enviada em: 19/08/2018

"O aspecto mais triste da vida atual é que a ciência ganha em conhecimento mais rápido do que a sociedade em sabedoria". O pensamento do escritor Isaac Asimov serve para ajudar a contextualizar a relação entre ciência e sociedade, em que a velocidade dos avanços de uma não acompanha a da outra, o que ocasiona divergências prejudiciais para a comunidade científica, como a sua desvalorização. Sendo assim, é comum por parte da população a ideia de que necessidades básicas imediatas devem ser postas em primeiro plano em detrimento de melhorias a longo prazo, nas quais a ciência tem suma importância. Portanto, é necessário que a ciência no Brasil seja reconhecida pelo seu grande poder de mudanças e que políticas públicas façam jus à isso.       Primeiramente, cabe mencionar que a crise econômica atual do país reforça o pensamento da população em achar que pesquisas científicas devem ser colocadas em segundo plano em prol de necessidades imediatas como a segurança, saúde e o ensino básico, o que acaba refletindo na política. Exemplo disso é a recente ameaça de cortes no orçamento de bolsistas da CAPES, que só não foi para frente devido à repressão por parte de quem necessita do incentivo às pesquisas nas pós-graduações. Dito isso, é importante que o ensino científico seja visto como uma necessidade imediata, também, e que pode trazer benefícios à longo prazo, como a expansão da energia renovável no país.       Além disso, o Governo erroneamente lida com a educação como um de seus gastos em vez de reconhecer que se trata de um investimento imprescindível para o crescimento do país. Posto isso, é indubitável que a PEC 55, também conhecida como PEC do teto de gastos, é mais um exemplo de descaso com a educação e, consequentemente, com a ciência, pois limita recursos necessários para pesquisas, pondo em xeque os avanços tecnológicos oriundos delas e que poderiam ajudar no combate à crise no que concerne a economia. Destarte, cabe ao Estado rever suas decisões que, supostamente, podem ajudar a superar a crise e reconhecer que, como diria Sócrates, "sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância".       Torna-se evidente, então, que medidas são necessárias para que a ciência no Brasil seja mais valorizada. Dessa forma, é essencial que o Ministério da Educação, em conjunto com o Poder Executivo, incentive e implemente o reforço do ensino científico nas salas de aula em todo o Brasil desde o ensino mais básico, por meio da reestruturação das grades curriculares, a fim de fazer com que mais jovens cientistas sejam formados e que se empenhem em pesquisas, contribuindo para o avanço tecnológico. Outrossim, é necessário que campanhas sejam realizadas pela comunidade científica, visando obter engajamento por parte da sociedade e resultando na sensibilização da política brasileira.