Enviada em: 26/06/2019

O notável educador Paulo Freire diz que se a educação sozinha não transforma o mundo, sem ela tampouco a sociedade muda. Essa linha de raciocínio evidencia os sistemas prisionais no mundo hodierno, à medida que não utilizam a educação como uma ferramenta de ressocialização dos detentos, dificultando a evolução dessas pessoas na sociedade. Nesse cenário, a falta de um Estado que fomenta essa finalidade educacional e o preconceito existente com os presidiários edifica uma realidade ameaçadora para a mudança desse paradigma prisional excludente e, por isso, precisa ser mitigada.    De fato, os Estados nacionais não parecem contribuir assiduamente com a educação dos detentos. No Brasil, por exemplo, a estrutura das salas nos presídios é precária e não passa por reformas periódicas, é o que afirma o Ministério da Educação. Ademais, nota-se, que há poucos professores disponíveis devidos a remuneração baixa para o trabalho nessas cadeias, sendo um problema geral na América Latina, segundo pesquisa da USP (Universidade de São Paulo). Logo, torna-se mais difícil o aperfeiçoamento dos prisioneiros e concomitantemente reintegrá-los socialmente.     Além disso, outro obstáculo vigente é o preconceito social com os criminosos. Isso, por que quando não se tem o apoio da sociedade, torna-se mais difícil para o indivíduo ter esperança de que, através da educação, se possa alcançar uma nova perspectiva de vida. Em defesa disso, vale ressaltar que muitos detentos após sairem da prisão não têm oportunidade de emprego e são vistos com indiferença. Desse modo, não haverá um caminho totalmente preparado para ressocialização desses cidadãos, pois, como já afirmava o filósofo Habermas, para que haja inclusão é necessário trazer para perto, respeitar e crescer junto com outro.       Fica evidente, portanto, que medidas são necessárias para solucionar os entraves entre a educação e o processo de ressocialização de detentos. Posto isso, é imperativo aos Estados nacionais, com um caráter abarcativo e socializante, melhorar a estrutura das salas de aulas dos presídios bem como aumentar o salário dos professores nesses locais, por meio de um direcionamento de verbas para esse fim, com o fito de corroborar com a formação educacional dos criminosos. Por fim, é fundamental que os Governos Federais auxiliem nesse processo de integração, de modo que, em parceria com a mídia televisiva, promova propagandas que ratifiquem a importância de se aceitar novamente o preso no corpo social, a fim de se oferecer mais oportunidades a esses indivíduos. De certo, assim, com a marca da educação, poderá se ver uma grande transformação social, como defendia Paulo Freire, construindo um mundo mais oportuno e socializado.