Enviada em: 29/07/2019

Rapunzel, personagem de contos e filmes infantis, é a princesa lembrada por ter sito trancafiada em uma torre, na qual passava seu tempo estudando sobre o mundo do qual era privada. Apesar de um tanto ficcional, a situação retratada pode ser observada na atualidade, tendo em vista que indivíduos privados de liberdade perdem também o direito à educação, porém sem a esperança de um súbito final feliz.    Nesse contexto, pode-se afirmar que o problema em questão não se trata de algo pontual, uma vez que detentos soltos retornam à sociedade, carregando a educação, ou falta dela, que lhe foi oferecida na instituição de segurança. O fato em pauta pode ser evidenciado na série americana "Orange is The New Black", em que presidiárias libertas enfrentam diariamente a falta de oportunidades, tendo que lutar para garantir um espaço no mercado, o que tende a aumentar os índices de desemprego no país. Seguindo a corrente, esses cidadãos, acreditando não terem mais escolha, acabam por voltar à vida do crime, contribuindo com um ciclo autodestrutivo.    Consoante a Charles Chaplin, ator inglês do século XIX, a humanidade não deve ser dividida em bons e maus, todos tem suas qualidades, moldadas pela sociedade em que vivem. Nesse viés, vale inferir que tanto a mídia como a imprensa acabam por impulsionar o problema, pelo fato de venderem uma imagem grotesca e generalizada dos detentos, contribuindo com uma desumanização em escala, o que provoca uma inércia por parte da sociedade, a qual não os vê como merecedores de "privilégios". O Governo Federal tenta minimizar esses efeitos, com a aplicação de programas como o ENEM PPL, exame educacional de nível médio destinado a pessoas privadas de liberdade.    Diante dos fatos, é pueril não notar que ainda existem entraves para a garantia de uma sociedade mais justa para com todos, libertos ou não. De maneira mais específica, é vital que o Ministério da Educação, em parceria com o Ministério da Justiça, apoie medidas que diluam a situação em voga, por intermédio de palestras, debates, doação de material didático e até mesmo programas de extensão que visem a reeducação. Nessas nuances, seriam ofertados projetos em que graduandos ofereceriam aulas monitoradas aos presidiários, com tarefas, provas, boletins e até prêmios aos melhores desempenhos. Essa iniciativa, além de exercer a igualdade e oferecer horas curriculares aos alunos, prepararia de maneira adequada os detentos para se realocarem na sociedade, se tornando cidadãos produtivos e colaboradores.