Enviada em: 01/08/2019

A obra cinematográfica “A sociedade dos poetas mortos”, de 1989, narra a história do professor John Keating, que passa a lecionar em uma tradicional escola americana, onde começa a questionar os valores conservadores da instituição e despertar o pensamento autônomo de seus alunos. Fora da ficção, sabe-se que, a educação é instrumento capaz de transformar a vida das pessoas, tanto na prospecção de um futuro melhor por meio da escolarização, quanto na elevação do próprio ser social por meio da reinterpretação de suas experiências, sendo mediante a escola que tal processo parte.      Em primeira análise, de acordo com o filósofo sul-coreano, Byung-Chul Han, vivemos hoje em uma sociedade do desempenho, na qual a necessidade de tornar-se um indivíduo produtivo é cada vez maior. Nesse aspecto, conforme fora idealizado pelos filósofos Iluministas durante o século XVIII, a educação desempenha o papel primordial durante o período de instrução do indivíduo, preparando-o para o mercado de trabalho e para a vida produtiva em sociedade. Diante disso, de acordo com o Censo da Educação de 2015, registrou-se um número de 48,9 milhões de estudantes matriculados nas escolas de rede pública e privada e evidencia um cenário promissor, dado que, a capacitação do indivíduo guia a sociedade para uma mudança em suas estruturas econômicas.     Além disso, deve-se perceber o grande potencial da educação em promover mudanças sociais a partir de uma formação crítica e consciente. Na ilustre obra “Pedagogia do Oprimido”, Paulo Freire acredita numa educação que contribua para a democratização, nesse sentido, ela pode ser entendida como a porta para mudança de paradigma, sendo necessário democratizar o conhecimento a fim de dar ao homem condições que lhe permita entender os contextos históricos, sociais e econômicos no qual está inserido. Contudo, apesar da ampla dimensão do ensino brasileiro, a desigualdade presente na formação dos indivíduos ainda é um obstáculo a ser vencido a fim de garantir a universalidade do ensino, como se vê na colocação brasileira no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), presente na 58ª colocação dentre as 65 nações avaliadas.     Fica claro, portanto, que, apesar do papel imprescindível da educação, essa tem sido subaproveitada. Cabe ao Ministério da Educação, em conjunto com as Secretarias Municipais, a implementação do currículo comum nas escolas de rede pública e privada, a fim de universalizar o ensino nas instituições e eliminar suas disparidades, o que deverá ocorrer por meio da redistribuição de verbas voltadas para a educação. Além disso, concerne às próprias instituições educadoras a difusão de valores éticos-sociais implementados durante as aulas por meio de debates, a fim de promover uma educação completa além do preparo para o mercado de trabalho. Espera-se, com isso, que o pensamento autônomo desperte.