Enviada em: 19/10/2018

A juventude sempre existiu, mas a modalidade compreendida na contemporaneidade é resultado de características fomentadas no século XX, que a destituiu de ser uma etapa cronológica da vida, em detrimento de uma travessia, no sentido roseano da palavra, sobretudo após a Segunda Guerra Mundial. A priori, o jovem é construtor de si, portador de uma identidade insegura e ansiosa, encenada em frente ao espelho ou nas manias de autofotografar-se e autopromover-se nas redes sociais, no treinamento de faces como assinaturas visuais que lhes definirão o símbolo essencial do "eu" por toda a vida. Doravante, essa configuração histórica permitiu a tomada da responsabilidade social dos adolescentes para com o rompimento dos totalitarismos, desigualdades e belicismos que permearam o século passado. Todavia, a função dos jovens atuais é a efetivação da democracia nos Estados.        Consoante a isso, o movimento de contracultura promovido pelo hippies e a contestação do poder instituído, vigente no contexto geopolítico mundial, são desdobramentos da "Geração Baby Boom", oriunda do término da 1ª Guerra Mundial, que se rebelou contra a militarização promovida pela Guerra Fria, sobretudo na ocorrência fatídica da Guerra do Vietnã, que resultou na dizimação de vietnamitas e de jovens que eram convocados às batalhas. Não obstante, os conflitos armados viraram antípodas da juventude. Outrossim, a atuação desses indivíduos torna-se incômoda às governanças mundiais, haja vista que promovem a mudança de paradigmas sociais e a reconstrução de conceitos instituídos.        A posteriori, essa juventude é a pré-existência do adulto no qual o indivíduo transformar-se-à, na composição de seus sonhos, de seus planos e das expectativas que o permearão por toda a vida, bem como dos princípios éticos e morais que esse empregará no enfrentamento das adversidades. A despeito disso, o adolescente necessita ser guiado por seus familiares, professores e símbolos, para que consiga criar a si mesmo, sem adiar eternamente a condição do envelhecimento. Nesse sentido, a história atribuiu a função de elo entre esses indivíduos e os adultos, na promoção de novos conceitos e políticas ambientais e humanitárias de revisão das antigas demagogias e injustiças sociais.       Portanto, o jovem possui a capacidade de resgatar ideais que foram banalizados pelas sociedades, na construção da democracia que se insurge, como a desbotada flor da poesia de Carlos Drummond de Andrade, e recusa-se em retroceder, apesar das recentes ondas mundiais de neofascismo e neonazismo. Logo, é essencial que os dissabores das injustiças não os assombrem e desarticulem, elencando a exímia função das ONGs, na captação e no direcionamento desses jovens, para que eles não se tornem rebeldes sem causa. Além disso, as escolas devem remodelar-se como palco de convivência e debate, para que os adolescentes possam fortalecerem-se em suas travessias comuns.