Enviada em: 03/10/2018

Racismo cultural      O Brasil é um país criado sob a base da mão de obra escrava e isso faz-se sentir ainda hoje na sociedade mesmo que na forma de um preconceito de cor ou raça velado, diferente das teorias eugênicas dos séculos XIX e XX, e está inserido no racismo cultural, mais abrangente, porém, fere os mesmos atores sociais, os negros, e os mantém isolados da sociedade de consumo.    Sendo assim, o preconceito racial era dominante na sociedade brasileira dos séculos passados. O Darwinismo Social, termo criado por Francis Dalton, propunha os brancos como humanos mais avançados e isso justificaria os abusos cometidos pelo neocolonialismo e fomentava, no Brasil, o racismo oriundo do período anterior a abolição da escravidão em 1888.    Todavia, quando o país se insere em uma sociedade urbano-industrial capitalista a partir da década de 1930, o processo de segregação por cor deu lugar a outra forma de isolamento social condizente a esse novo contexto socieconômico, no qual quanto mais distante o indivíduo estiver de um mercado de consumo desenvolvido, mais escanteado ele tenderá a ficar e o preconceito contra o pobre começará a aparecer. Não por acaso, segundo o IBOPE em 2017, apenas 20% da população se diz racista.    Ademais, o isolamento daqueles sem condições econômicas de consumir o "ideal" é retratado basicamente pelo negro e mulato, tendo em vista a secular ineficácia do Estado em propor um processo de inserção negra na sociedade. Devido a isso, a classe média e alta alimentam o ódio aos menos favorecidos para "matar a fome" do preconceito ao negro, o que é basicamente a mesma coisa, já que a pesquisa do IBGE, em 2016, mostra 75% dos brasileiros mais pobres têm pele escura.    É necessário, portanto, ações afirmativas por parte do Estado tangente a ascensão socioeconômica, primeiramente, é fundamental o aumento do benefício oferecido pelos programas de transferência de renda como o Bolsa Família, elevando o padrão de consumo das pessoas e diminuindo a segregação social da qual elas sofrem. Em segundo lugar, deve ser amplamente difundido nas escolas o horror causado pela escravidão e suas consequências, para que desde pequenos os cidadãos se conscientizem de uma noção de igualdade e aversão a preconceitos. Tudo isso é imprescindível para a formação de uma nação mais justa e o combate ao racismo.