Enviada em: 04/09/2018

A data de 1922 marca, para o Brasil, uma tentativa de rompimento com alguns padrões culturais europeizados, pois a semana da arte moderna visava, sobretudo, desconstruir essa dependência dos artistas brasileiros e dar início a busca pela identidade própria. Nesse contexto, se fez necessário uma presença maior dos elementos da cultura popular, fato que desagradou o público mais conservador e evidenciou a falta de valorização pela cultura inata do país. Sob tal ótica, há dois fatores que não podem ser negligenciados: até que ponto a assimilação cultural é benéfica, e a importância social de se expandir as matrizes brasileiras.    Primeiramente, como disse o educador Marshall McLuhan: “com a TV o mundo está se transformando em uma aldeia global”. Ou seja, embora o mundo seja de grandes proporções, a globalização tem feito uma redução desse espaço e, pelo fato de haver grandes influências, muitas pessoas agora possuem os mesmos hábitos, costumes e valores. Por esse motivo, é interessante notar a impossibilidade de total negação a culturas alheias, já que essas trocas estão na base das sociedades. Todavia, para evitar que a influência se transforme em imposição, é preciso que essa aceitação das características estrangeiras sirva apenas como referência para a construção e produção de uma cultura genuinamente brasileira, como dito por Oswald de Andrade em seu manifesto antropofágico.     Em segunda análise, é de extrema importância a continuidade do processo modernista de valorização dos costumes tipicamente brasileiros. Isso porque, quando se dá credibilidade a essas questões, resgata-se as memórias e as origens dos grupos que compõe o miscigenado país, além de aproximar cada cidadão para uma maior integração nas manifestações inerentes a cultura popular. Ademais, a disseminação dessas raízes é capaz de levar conhecimento sobre a diversidade do país, bem como sobre as crenças, a culinária, as festas religiosas, o folclore e inúmeros outras peculiaridades que ratificam a identidade da nação, promovem a permanência de uma sociedade mais consciente para com seus antepassados e induz a preservação deste patrimônio como ferramenta simbólica.                    Diante dos argumentos supracitados, urge que as escolas, em parceria com o Ministério da Educação, insiram a cultura brasileira logo no início da formação do estudante, ao assimila-la a folclores e comemorações típicas de determinadas regiões e etnias que compõe o povo brasileiro, além de aulas de diversidade social e promoção de campanhas comunitárias para exaltação cultural. Outrossim, compete aos próprios cidadãos a manutenção do equilíbrio entre os modelos comportamentais nacionais e externos, a fim de que manifestações como o Halloween não superem festivais típicos como boi-bumbá. Destarte, preservando-se as raízes, obter-se-á legitimidade e originalidade cultural.