Enviada em: 19/04/2017

No Brasil, a questão do papel assumido pela cultura popular, é tratada por alguns estudiosos, como fator crucial na construção e valorização das bases históricas e identitárias da nação. Isso não significa, porém, que devamos nos colocar em um completo estado de bloqueio ou aversão ao que nos é apresentado em termos de intercâmbio com outros traços culturais e avanços técnico-científicos. Atualmente, muito se fala em cultura comercial ou de massa. Constitui-se para alguns em um forte opressor das raízes populares, na medida em que apresenta e modela padrões de consumo e estilo de vida. Se assim fosse, os países asiáticos de industrialização tardia, a rigor, aqueles submetidos a esse processo a partir da década de 70, não mais conservariam sua identidade. O que observamos, no entanto, são países como Cingapura, Indonésia, China, que se abriram ao mundo, mas ainda expressam em sua arquitetura, culinária exótica, religião e entre outros, as suas origens. Com um enfoque particularizado, agora sobre as culturas indígenas brasileiras, podemos destacar a sábia interação de povos, até bem pouco, isolados do resto da sociedade, com os benefícios trazidos pela revolução dos meios e da informação. Numa ilustração bem concreta, podemos verificar tribos indígenas no Vale do Mamanguape, no Estado da Paraíba, que embora apreciem da informatização e da entrada no mercado de trabalho, mantêm escolas comunitárias reservadas a transmitir sua cultura. Dessa forma, é necessário entendermos que a associação com outras matrizes não pode ser levada, a termo, como agressiva à constituição da nossa história. Esse mutualismo, pelo contrário, sempre esteve presente nas relações. Numa perspectiva de oferecer às novas gerações a valorização e o entendimento do papel na formação da sociedade, por cada cultura, são válidas instruções escolares de campo que, em conjunto com os líderes comunitários, exponham seus costumes e suas tradições. Aos alunos, transmitirá a ideia de uma cultura viva, com a qual se interage e se fala, e não somente, da qual se fala.