"Todo o complexo que inclui o conhecimento, a arte, a moral, a lei ou costumes e todos os hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade". Essa é a definição clássica do considerado pai da cultura moderna, Edward B. Tylor. No entanto, a sociologia divide esse conceito em cultura erudita e cultura popular. Tal situação acarreta na desvalorização da cultura popular, já que a expressão cultural erudita é fruto de demasiado estudo. Entretanto, a valorização da riqueza material e imaterial que emana da cultura popular é essencial para a construção e transmissão da história do povo brasileiro, carregando seus miscigenados traços. A priori, é válido destacar o movimento antropofágico foi uma corrente de vanguarda que marcou a primeira fase do modernismo, cuja finalidade era estruturar a cultura nacional. Para que isso acontecesse era preciso que a cultura estrangeira fosse deglutida e transfigurada conferindo, assim, um caráter nacional. Desse modo se pode observar o imperativo que é o reconhecimento, incentivo e preservação da cultura popular e da identidade nacional, para que as futuras gerações não só a reconheçam, como também sejam parte integrante desse precioso tesouro. Sendo que as festas e a culinária, apesar de terem diversificadas origens étnicas, assimiladas e transformadas na própria identidade brasileira é uma analogia para tal fator. Outrossim, a obra do pré-modernista Monteiro Lobato “Sítio do pica-pau amarelo” mostra, desde a gastronomia até os trejeitos dos personagens, os elementos que cercam a cultura popular. É inegável que a partir dela é possível ter registro de pensamentos e tradições dos grupos que constituíram o Brasil. O folclore, por exemplo, era uma das formas dos povos primitivos se situar no mundo, encontrando o seu lugar entre os demais seres e explicando os fenômenos naturais. Por conseguinte, é por intermédio de histórias, danças e cantigas, que a cultura irradia e enaltecendo a história do Brasil. Fica claro, portanto, a necessidade da ampliação do papel da cultura popular. Buscando concretizar isso, a escola, como formadora de opiniões, deve trabalhar essa desvalorização na raiz do problema, reforçando o ensino sobre as tradições brasileiras, para que ela não seja deixada de lado. Adicionalmente, o Ministério da Cultura precisa formular e implementar novas políticas públicas incentivando às publicações acerca do tema, facilitando, assim, o seu estudo. Só assim a sociedade irá reconhecer os aspectos culturais e suas origens de cada grupo étnico que contribuíram para a elaboração da cultura brasileira