Enviada em: 29/07/2017

Segundo a perspectiva aristotélica, o ser humano é um animal cuja sociabilidade lhe é inerente. No exercício desse atributo, o homem desenvolve relacionamentos através de estruturas variadas, tais como a organização política, a família e a associação religiosa, por exemplo.  Dentre elas, no entanto, porquanto seja a instituição mais presente no período da infância, a família configura-se de fundamental importância para a vivência social e, por conseguinte, para o desenvolvimento educacional da criança. Tal importância fica realçada se considerarmos os efeitos psicológicos e sociais da convivência familiar.       Fruto de suas brilhantes observações científicas, o criador da psicanálise, Sigmund Freud, descobriu que inúmeros transtornos psicológicos da idade adulta encontram suas raízes em traumas ocorridos na infância, os quais acabam por afetar a personalidade do indivíduo. Esses impactos, contudo, não ficam restritos ao futuro, mas podem ser vistos ainda na infância. Não é por acaso que são numerosos os relatos de crianças que tem dificuldades no relacionamento interpessoal na escola, devido ao sofrimento de violência doméstica. Posto que o estado psicológico de um adulto interfere consideravelmente no rendimento de suas atividades, muito mais o de uma criança interferirá no seu desempenho escolar.         Outrossim, os impactos sociais do ambiente familiar também requerem grande atenção na análise do tema ora proposto. Valores importantes, como tolerância, respeito às diferenças, busca pela igualdade, poderão ser estimulados ou desencorajados pelos familiares do infante, nos quais ele provavelmente deposita a sua confiança. Destarte, a depender dos princípios que são transmitidos em família, a visão de mundo da criança poderá ser mais ou menos propensa a conceitos relacionados aos direitos humanos, como os supracitados. Isso influenciará de modo decisivo na forma como ela interpretará os conteúdos ensinados na escola.         Diante do acima exposto, verifica-se de extrema necessidade a realização de ações, tanto por parte da sociedade civil como pelo poder público, que visem a conscientização da população brasileira. Nesse sentido, deve o Ministério da Educação, em parceria com o Ministério da Cultura, promover palestras, cartazes e propagandas em redes de televisão, que instruam os pais quanto às consequências psicológicas do convívio familiar no desempenho escolar das crianças. Os conselhos tutelares, por sua vez, devem intensificar a fiscalização, a fim de identificar e acolher crianças que são vítimas de maus-tratos no meio familiar. Ademais, devem as escolas promover constantes reuniões de pais e mestres, para incentivar os pais a repassarem valores democráticos na educação em família, com o fito de que as crianças desenvolvam-se educacionalmente de forma plena.