Enviada em: 13/07/2019

Na antiga civilização grega, berço da democracia, todas as decisões políticas eram feitas pelos cidadãos em uma praça denominada ágora. No entanto, esses cidadãos eram apenas homens livres, nativos e maiores de 21 anos, o que correspondia a uma parcela ínfima da população. Já nos dias de hoje, todos podem participar da política, todavia muitos não o fazem, grande parte devido à falta de incentivo da esfera educacional. Depreende-se, então, a necessidade de o indivíduo ser ativo politicamente, a fim de ratificar a cidadania e transformar a sociedade.       A princípio, é preciso ressaltar o poder da participação política. Nesse sentido, cabe citar a Primavera Árabe, quando a população se juntou em manifestações para acabar com as ditaduras em países do Oriente Médio. Entretanto, no Brasil, tal poder de mobilização tem sido negligenciado e o antropólogo Luiz Eduardo Soares ilustrou bem isso quando disse que no cenário político atual há uma "terceirização de responsabilidades", na qual apenas os políticos são culpados pela má administração pública. Acerca disso, é preciso lembrar que quem elege os representantes são os próprios cidadãos, logo, também devem ser responsabilizados. Nessa conjuntura, estar engajado politicamente é importante para adquirir consciência de suas responsabilidades e fazer valer a função de cidadão.       Por outro lado, esse distanciamento pode ser associado à falta de estímulo dado aos eleitores. Sob essa perspectiva, é notória a falha educacional, pois não existem nas escolas disciplinas que ensinem o funcionamento do governo, tampouco a distribuição de poderes. Desse modo, muitas pessoas se formam sem saber como se aprova uma lei ou a função de cada representante. Por conseguinte, sem conhecimento, não há interesse em participar, por isso é importante estimular desde cedo a participação política, pois, como apontou o filósofo John Locke na sua teoria da tábula rasa, todos são como uma folha em branco ao nascer e podem adquirir qualquer capacidade a partir da educação. Dito isso, a efetivação da cidadania através do engajamento político deve ser estimulada em sala de aula.       Fica clara, portanto, a importância de ser ativo politicamente tanto para ser sujeito de transformação social quanto para afirmar-se como cidadão. Para alcançar essa máxima, cabe ao Ministério da Educação incentivar a participação política. Isso deve ser feito por meio da alteração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a qual inclua uma disciplina, ministrada por sociólogos, que ensine de maneira lúdica com dinâmicas de grupo, teatros e realização de eleições de grêmio estudantil, as funções de cada representante público e formas de aprovação de leis. Assim, a democracia idealizada na Grécia Antiga poderá ser efetivada de maneira consciente e a cidadania poderá ser afirmada pela postura ativa de todos.