Conforme o pai da Mecânica, Isaac Newton, um corpo extenso tende a permanecer em movimento retilíneo uniforme até que uma força de direção contrária e força maior o contenha. Nesse contexto, a perpetuação do desperdício de alimentos no Brasil pode ser comparada com esse princípio físico. Isso se evidencia pela liquidez na relação alimentícia em consonância com a falta de iniciativa pública para discutir a situação. Em primeiro plano, conforme o pensador polonês Bauman em sua obra :"Modernidade Líquida", a contemporaneidade é marcada pela liquidez das relações sociais. Com isso, é possível inferir que tal ideal se manifesta na interação dos brasileiros com os alimentos. Nesse sentido, há a formação do pensamento da obsolescência alimentar, porquanto muitos alimentos de dias anteriores são vistos como estragados e inutilizáveis. Comprova-se tal fato por meio de dados estatísticos, em que 30% do que é adquirido pelo consumidor é desperdiçado. Além disso, de acordo Platão em o "Mito da Caverna", quando não há esclarecimento crítico perante acontecimentos da realidade, os indivíduos ficam retidos na caverna da ignorância, na qual apenas sombras da realidade são visíveis. Sendo assim, o poder público, pode ser comparado a esses indivíduos, uma vez que não propôs um caminho assertivo para enfrentar o problema no país.Percebe-se isso nas escassas campanhas para a reutilização consciente dos alimentos. Dessa forma, é inadmissível que esse ciclo do desperdício continue a se manifestar no Brasil. Destarte, a fim de reverter o cenário nefasto de desperdício de alimentos, uma medida é fundamental. O Ministério dos transportes, em parceria com o Ministério da Saúde, deve promover a circulação de caminhões itinerantes em grandes centros urbanos, com a presença de nutricionistas, nutrólogos e assistentes sociais, para que haja a orientação correta na manutenção, conservação e reutilização dos restos alimentares. Espera-se, assim, que dilema seja contornado por meio da criação desse vetor para atenuar o desperdício no país.