Enviada em: 27/10/2018

Segundo o físico inglês Isaac Newton: “nunca haverá ação sem reação, de modo que a resultante entre essas forças não pode ser nula”. E, de modo análogo, no que tange ao desperdício de alimentos no Brasil, a proposta newtoniana é válida, uma vez que a deficiência em investimentos governamentais no setor de transportes, fato que figura como ação, gera diretamente reações negativas na sociedade brasileira.   A princípio, é necessário salientar o quanto aspectos governamentais estão entre as principais causas de problemas. O artigo terceiro da Constituição Federal de 1988 enuncia que é dever do Estado garantir o desenvolvimento da nação. Entretanto, se observada a carência em investimentos e em ações governamentais que tratem da otimização e intermodalizão dos meios de transportes responsáveis pela distribuição dos alimentos às diversas regiões do país, infere-se tamanha inobservância à Carta Magna por parte do próprio governo.   Outrossim, é possível notar que o desperdício de alimentos emerge como principal reação negativa da deficiência na área dos transportes. Devido ao fato de que no Brasil predomina o modal de transporte rodoviário, que não necessariamente é o mais eficiente ao escoamento dos alimentos produzidos, tais produtos passam horas ou dias nas rodovias sujeitos às alterações climáticas e químicas e acabam, com isso, perdendo características nutricionais ou estéticas tronando-se impróprios ou não atrativos ao consumo. Assim, toneladas de alimentos são descartados por terem seu valor comercial reduzido ou por estarem estragados. A pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), que revelou que a quantidade anual de alimentos desperdiçados no país, ao longo da cadeia de distribuição, equivale a 30% de todos os alimentos produzidos por ano no mundo espelha essa colocação.   Destarte, em face do exposto, é indubitável que ainda há entraves para a garantia de políticas que propendam para um Brasil melhor. Logo, o Ministério dos Transportes deve investir uma parcela das verbas recebidas do governo Federal em projetos de multimodalização dos meios de transportes, levando em conta as peculiaridades de cada região para que o fluxo dos alimentos produzidos seja o mais eficiente possível. Nesse sentido, podendo, por exemplo, mesclar o transporte rodoviário - trechos em que estradas são mais úteis - com o hidroviário - em partes do trajeto onde navegar é mais eficaz. Dessarte, implantando essa nova ação, surgirá com ela uma nova reação, - queda dos índices de desperdício ocasionados por deficiências nos transportes - agora positiva e benéfica ao país.