Enviada em: 30/10/2018

De acordo com a Teoria Malthusiana, a produção de alimentos cresces aritmeticamente e a população de geometricamente, o que tornaria-se a causa de uma insuficiência alimentícia mundial. Entretanto, o contexto hodierno apresenta-se distinta, no qual é possível compreender que o crescimento populacional não se institui como principal causador da fome, e sim o desperdício de alimentos, haja vista que quase um terço da produção mundial é desperdiçada anualmente, segundos dados recentes divulgados pela mídia. Essa problemática é oriunda, não raro, da falta de infraestrutura necessária, do comodismo populacional, entre outros motivos.     Mormente, o principal índice de desperdício de comida ocorre no manuseio e no transporte do produto, chegando a 50%, de acordo com pesquisas realizadas pela FAO. Tal cenário resulta, na maioria das vezes, da escassez de infraestrutura pública adequada, na qual o agricultor e o consumidor final são prejudicados, por exemplo, pelas exíguas possibilidades de transporte e estradas em más condições. Dessa maneira, acontece, erroneamente, um desperdício desde as fases mais tenras da cadeia produtiva do alimento, o qual, muitas vezes, perdura também nas próximas etapas.       Ainda, convém ressaltar que, embora uma pesquisa feita pela Unilever, chamada World Report, afirme que 96% dos brasileiros preocupam-se com o desperdício de alimentos, o Brasil apresenta, em média, 40 mil toneladas de alimentos descartados no lixo diariamente. Essa conjuntura demonstra uma contradição drástica e preocupante no comportamento populacional da nação. Isso acontece, pois o próprio indivíduo opta, muitas vezes, somente por produtos esteticamente agradáveis e chamativos- em detrimento da conservação do valor nutricional-, compra quantidade exacerbada de alimentos e não os consome, e armazena a comida de forma incorreta, por comodismo e/ou falta de conhecimento quanto aos cuidados necessários.       Portanto, é imprescindível que o desperdício de alimentos no Brasil seja extinto. A fim de que isso ocorra, é necessário que o Estado direcione mais verbas, por meio do corte de gastos em setores menos emergenciais, para transportes agrícolas e melhorias e ampliação de estradas e ferrovias, com o intuito de evitar o desperdício alimentício nas fases mais precoces. Ademais, é preciso que as escolas, em conjunto com a Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional- a Sesan-, realizem aulas direcionadas, palestras e projetos ambientais, como a criação de áreas de composteiras, visando a incitar a consciência ecológica dos estudantes. Em adição, é preciso que a mídia dissemine, por intermédio de mais propagandas televisivas, mais informações concretas sobre o combate ao desperdício alimentar, através recomendações quanto ao armazenamento, manuseio e descarte.