O desperdício de alimentos é um problema mundial, que representa um desafio para todas as nações. A meta das Nações Unidas é reduzir pela metade as perdas, que hoje somam mais de 1,3 bilhão de toneladas por ano, até 2030. No Brasil, a extinção desse descarte representaria uma diminuição do número de pessoas em situação de insegurança alimentar e dos impactos ambientais. O primeiro aspecto a ser ressaltado é a contribuição que a extinção do desperdício de comida fará para diminuir a fome no país. De acordo com os estudos da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), no Brasil existem 7,2 milhões de pessoas afetadas pela fome. Por outro lado, há um cenário bem diferente, pois o país descarta 41 mil toneladas de comida anualmente, segundo os dados da FAO, quantia essa que poderia alimentar 13 milhões de pessoas. O desperdício acontece principalmente no início da cadeia, que envolve produção e distribuição, visto que muitos alimentos não atendem às exigências do consumidor final. Sendo assim, é importante que o poder público e a sociedade trabalhem em ações focadas na redistribuição dos alimentos descartados para levá-los a quem precisa. Ademais, é relevante destacar que extinguir o descarte ajudará a reduzir o impacto da produção de alimentos sobre o meio ambiente. Segundo dados da FAO, o desperdício de 30% de tudo que é produzido no país causa um prejuízo de 940 bilhões por ano, sendo que, desse total, 20% representam a produção de carne e lácteos. A produção de carne no país é responsável por grande parte do impacto ambiental, pois é a categoria que mais consome insumos e causa o desmatamento. Além disso, há o desperdício de água, de energia, de logística, de trabalho e o alto consumo de combustíveis fósseis durante o transporte dos alimentos em geral. Dessa forma, é necessário que o setor público e a iniciativa privada se aliem para tornar a produção, a distribuição e a armazenagem de alimentos mais sustentáveis reduzindo o impacto ambiental. Destarte, a fim de extinguir o desperdício de comida no Brasil, é primordial que o Ministério de Desenvolvimento Social desenvolva planos de parceria com os produtores, por meio da Câmara Interministerial de Segurança de Alimentos e Nutricional, para que instituições públicas, como órgãos de apoio a pessoas carentes, recebam os produtos próprios para consumo, mas que seriam descartados. Não obstante, é preciso que o Governo Federal invista na infraestrutura do agronegócio, por intermédio de uma política nacional que incentive ações e investimentos em tecnologias pelos produtores, que combatam o desperdício em toda cadeia produtiva e, consequentemente, o impacto ambiental. Assim, será possível reduzir de forma significativa as perdas de alimentos no Brasil.