Enviada em: 02/05/2019

A Teoria Malthusiana afirmava que a população mundial crescia muito mais rápido que os alimentos, logo em poucas décadas não haveria comida para todos. Entretanto, mais de 200 anos depois, há no planeta quantidade suficiente para os sete bilhões de habitantes, infelizmente ocorre uma má distribuição e manejo de alimentos, levando a mais de um bilhão à situação de fome e desnutrição. Dessa forma, o desaproveitamento é perceptível no impacto na alimentação, na quantidade exorbitante de água desperdiçada por produção e, principalmente, no setor social.       Paralelamente, o Brasil figura entre os dez países que mais desperdiçam comida no mundo, cerca de 40 mil toneladas por dia, segundo dados da World Resources Institute (WRI). Por conseguinte, a problemática exposta no poema "O Bicho", de Manuel Bandeira, é o ponto de partida para entender a dimensão do desperdício, isto é, no texto o autor vincula a imagem de um homem a um bicho por tê-lo visto comendo restos orgânicos no lixo. Portanto, o impacto da dessa desestruturação deve ser analisado pelo ponto de vista social. Outrossim, o grande número de resíduos alimentícios deve-se também a uma cadeia produtiva deficitária, que não remaneja adequadamente seus produtos.       Dessa forma, na agricultura e processamento de alimentos é gasto uma quantidade exorbitante de água, por ser contabilizada desde o início da produção é chamada de "água virtual". Por exemplo, em um quilo de carne bovina é gasto de 10 a 20 mil litros, de acordo com a Water Footprint Network. Além disso, o grande descarte de comida em lixões produz enormes emissões do gás metano, agravador do efeito estufa. Semelhantemente, a nutrição passa por uma etapa de seleção, na qual frutos que não possuem bons aspectos são eliminados, como mostrado na série documental canadense "The Water Brothers". Por outro lado, há bancos de comida no Brasil que distribuem essa alimentação filantropicamente para escolas, restaurantes populares, creches e orfanatos.       É imprescindível, portanto, a ação do Governo Federal, por meio do Ministério da Educação para levar a conscientização desde a educação básica, com palestras, vídeos, oficina culinária de reaproveitamento, a fim de incentivar a comunidade a reutilizar partes dos alimentos que consideram descartáveis, mas que contém um alto teor nutricional. Analogamente, a ação da mídia faz-se necessária em campanhas de alcance nacional sobre o uso correto da comida e o descarte adequado - quando não há a possibilidade de reutilização -, por meio de publicidades em novelas de horário nobre, em prol de alcançar uma boa parcela. Entretanto, a sociedade deve cobrar os órgãos públicos para a criação ou aprovação de leis que organizem a cadeia produtiva, como um marco regulatório, e a gestão de incentivos para aumentar os bancos de alimentos no Brasil, seja de forma privada ou pública.