Enviada em: 20/10/2017

O filme francês "Intocáveis", em que um homem tetraplégico assume o lugar de protagonista, mostra um pouco das dificuldades enfrentadas pelos deficientes físicos em um mundo que os exclui e os relega a um segundo plano. Nesse contexto, a falta de acessibilidade nas cidades causa grandes prejuízos às pessoas com mobilidades reduzida, como a perda do senso de autonomia e os obstáculos ao ensino superior.    É indubitável que um dos danos gerados pelo problema é a dificuldade de se transitar livremente sem a ajuda de terceiros. Em cidades repletas de calçadas esburacadas e mal cuidadas, de prédios com escadas em suas entradas e de ônibus sem rampas de acesso, os cadeirantes precisam da ajuda constante de outra pessoa para poder se locomover nessas cidades que não foram feitas para eles. Diante de tal cenário, as pessoas portadoras de deficiência  se sentem excessivamente dependentes, além  de abandonadas pelo poder público.    Outrossim, destaca-se que a ausência de acessibilidade também representa um empecilho à educação dos cadeirantes. Devido a fatores como a carência de ônibus adaptados, campus universitários sem infraestrutura para recebe-los e salas de aula sem espaços destinados para esse grupo, a proporção de deficientes físicos nas universidades públicas é insatisfatória, sendo bastante menor que a proporção destes na população brasileira. Por conseguinte, as pessoas com mobilidade reduzida raramente cursam o ensino superior, e logo, têm dificuldades de encontrar oportunidades no mercado de trabalho, de maneira análoga a teoria do filósofo Immanuel Kant, que afirma que o homem é tudo aquilo que a educação faz dele.    Torna-se claro, portanto, que a negligência do poder público em relação aos portadores de deficiência precisa ser revertida. Nesse sentido, cabe a prefeitura de cada cidade fiscalizar o estado das calçadas, exigir a construção de rampas de acesso nos edifícios que forem necessários e adaptar os ônibus para a entrada e saída de cadeirantes. Ademais, é necessário que todas as universidades construam a devida infraestrutura para receber alunos desse tipo, a fim de que se possa aumentar o número de deficientes dentro das instituições de ensino superior. Dessarte, poder-se-á superar a exclusão social das pessoas com mobilidade reduzida e, finalmente, garantir acessibilidade a toda a população.