Enviada em: 23/10/2018

Em sua obra modernista Macunaíma, Mario de Andrade descreveu a caracterização do povo brasileiro, sendo influenciada por traços indígenas, afrodescendentes e europeia. Dessa maneira, o popularmente conhecido como “herói sem nenhum caráter” é uma analogia ao retrato do início de uma nação, sendo primitiva quando se tratando dos índios e, glorificada, com os europeus. Esse livro, apesar de ser ficcional, não se distancia da realidade, uma vez que na contemporaneidade a valorização cultural e representativa dos povos indígenas é esquecida, devido ao descaso populacional e governamental sobre os nativos do país.    Em primeiro lugar, é necessário descrever o processo de colonização do Brasil. Tendo nascido por meio de exploração, a dominação de povos e culturas ocorreu, da mesma forma. Assim como afirma o antropólogo Darcy Ribeiro, a cultura do europeu se sobrepôs sobre a identidade nativa, perdendo-se muitos traços indígenas. Esse comportamento é visto até os dias atuais, de forma que o índio, além de esquecido pela sociedade, é ridicularizado nos canais de informação e mídia.    Essa forma de ridicularizar, vista em programas de televisão, é ainda mais reafirmada ao transformar a cultura e identidade desse povo em fantasias e forma de diversão. Esse processo deu início ao trabalho da artista indígena Katú Mirim “#índionãoéfantasia”, que defende que o uso dos trajes, além de ser ofensivo, é modo de reforçar o preconceito. Ao que é visto no cenário contemporâneo, o indígena, além de não ter reconhecimento histórico sobre o processo de formação do Brasil, é desvalorizado e zombado pela disparidade e sobreposição de culturas.    Assim, que o Brasil atual é miscigenado e diversificado, quanto às influências, é fato. Entretanto, não se pode desprender dos primeiros influenciadores de identificação cultural. Por esse motivo, é necessário que o índio seja, não somente valorizado, mas representado e aproximado da cultura atual, com participações midiáticas, como programas de entrevistas e novelas que representem essa população hodierna. Além disso, deve haver uma conscientização no âmbito escolar para que as crianças e jovens interpretem o indígena como parte da história brasileira, de modo a promover palestras para apresentar os costumes e características, com representante de tribos e aldeias, para uma valorização de quem iniciou a história há mais de 500 anos