Enviada em: 19/08/2018

A visão etnocêntrica dos portugueses frente aos índios, em 1500, foi responsável pela dizimação de diferentes povos e pela extinção de línguas e culturas indígenas. Apesar a violência vivida nesse período, diversas comunidades nativas resistiram até a contemporaneidade. Ao desenvolvimento da valorização dessa minoria é imprescindível, devido ao padrão histórico de invisibilidade na sociedade, juntamente à privação de parte de sua cidadania conquistada.       Em primeiro plano, de acordo com o sociólogo francês Pierre Bourdieu, a violência simbólica é aquela exercida pelo corpo sem coação física, causando danos morais e psicológicos. De maneira análoga, os índios sofrem esse tipo de agressão, ao longo dos séculos, com a invisibilidade de sua organização social e cultura. Exemplo disso, é desconhecimento desses grupos na contemporaneidade, em consequência da falta de incentivo ao estudo da cultura quilombola e indígena, apenas representada na fase estudantil como parte de um passado colonial ou representante de obras literárias. Dessa maneira, tal cenário influencia na permanência de parte essencial da identidade brasileira, que é permeada com o descaso social.         Além disso, a partir da Constituição Federal de 1988, os índios conquistaram direitos, como à terra. Sob esse viés, a desvalorização da população originária, pode ser associada ao desrespeito as demarcações de territórios dessa minoria. Nesse sentido, com o objetivo de conter a demanda de produção agropecuária, muitos proprietários de terra disputam e invadem terras destinadas constitucionalmente ou, em processo de demarcação, dos grupos indígenas, fato que, somado à ineficaz fiscalização estatal, corrobora para um cenário de vulnerabilidade social e violência contra os índios. Sendo assim, essas populações possuem parte de seus direitos limitados, realidade que deve ser revertida.         É fundamental, portanto, que o reconhecimento e respeito à minoria indígena deve ser fomentado por ações governamentais. Nessa perspectiva, cabe ao Ministério da Justiça, junto à Fundação Nacional do Índio, uma ampliação da fiscalização das terras demarcadas para usufruto dos índios, com a contratação de policiais e a criação de disque-denuncias, com o intuito de proteger as barreiras e evitar disputas pelas terras, punindo os envolvidos nesses atos criminosos. Ademais, o Ministério da Educação deve ampliar a grade curricular estudantil e acadêmica incluindo a cultura e população indígena, com o ensinamento de tradições e legados para o Brasil, com o objetivo de aumentar a valorização aos índios e, consequentemente, não perpetuar a invisibilidade que permanece ao longo da história.