Enviada em: 23/08/2018

Na literatura romantista brasileira, ainda no século XIX, o índio era visto como o grande herói nacional. No entanto, desde a colonização, essa valorização é apenas aparente. No contexto atual, a persistência de conflitos por terras entre índios e latifundiários e a luta por reconhecimento cultural suscitam ações do Poder Público.       A princípio, destaca-se que os conflitos pela demarcação de terras indígenas prorroga injustiças históricas. Isso  ocorre porque os autóctones, durante o período colonial,  tiveram suas terras violadas e transformadas em latifúndios controlados pela metrópole. Essa conjuntura assemelha-se à atual, em que desenvolvem-se conflitos armados entre grandes fazendeiros e representantes indígenas. Isso, infelizmente, é consequência direta da lentidão do Poder Executivo na demarcação de terras.       Dessa forma, a inércia de entes da administração pública propicia a existência de confrontos. Essa lentidão contradiz a Constituição cidadã, que reconhece as terras indígenas como essenciais à sua cultura. Essa demora pode ser explicada pela existência de uma "bancada ruralista" no Congresso Nacional, uma vez que há a tendência de legislarem em causa própria, barrando projetos sobre demarcação e proteção ambiental. Essas ações ferem o princípio de justiça social do filósofo John Rawls, que recomenda a intervenção estatal para o direcionamento de recursos àqueles que não tem. Assim, perpetuam-se os interesses dos fazendeiros.       Percebe-se, portanto, que o Poder Público deve intervir. Assim, é mister que o Poder Executivo demarque territórios indígenas e envie as Forças Armadas para conter potenciais conflitos, com o objetivo de diminuir a histórica concentração de terras e dar dignidade aos povos nativos. Além disso, o Ministério da Cultura, em parceria com universidades e ONGs, deve instalar escolas que facilitem o aprendizado da língua e cultura nativas, juntamente com o fomento da agricultura familiar e saúde preventiva, a fim de promover a autoafirmação desses povos e concretizar o princípio de justiça social defendido por Rawls.