Enviada em: 27/09/2018

Inquilinos que destroem     Na obra Iracema, o escritor José de Alencar idealiza o índio acerca de sua língua, suas tradições e o contato harmônico com o “homem branco”. Entretanto, fora do romance indianista, essas atitudes não são praticadas pelo colonizador, visto que os nativos sofrem há séculos com a invasão de suas terras e com o preconceito racista. Nesse sentido, surge a necessidade de avaliar o cumprimento da Constituição Federal, bem como a postura da sociedade civil frente aos nativos.      Em primeiro plano, é evidente que a tomada dos territórios indígenas traz à tona o maior genocídio cultural contra esse povo. Isso decorre do avanço da fronteira agrícola onde predomina o desmatamento para o plantio de soja e pastoreio de animais. De acordo com o portal de notícias G1, as áreas mais afetadas são o Cerrado e a Amazônia, cuja invasão já afeta até as áreas de preservação ambiental e territórios demarcados pela Fundação Nacional do Índio (Funai). Com efeito, as matas são destruídas e rios são poluídos, fatos que dificultam a pesca, construção de moradias e extinção dos rituais.     Atrelado a invasão dos territórios, os indígenas são inferiorizados frente ao colonizador. Esse preconceito decorre do período colonial, cuja população espanhola impuseram sua língua, religião, culinária e costumes. Por conseguinte, na atualidade os nativos são recusados no mercado de trabalho, vistos como seres que atrapalham o desenvolvimento do campo, e excluídos, principalmente, nos centros urbanos em razão de suas raízes e tradições. Esse preconceito torna-se mais evidente ao avaliarmos que o Brasil fala a língua do colonizador, e contribuiu para a extinção de centenas de idiomas. Por consequência, os índios são recusados pela sociedade dominante e sobrevivem sem expectativas de conseguir disseminar seus valores para as gerações futuras.     Infere-se, portanto, que a população indígena deve ser valorizada e, para isso, necessita de ações públicas e sociais para que os direitos constitucionais sejam assegurados. Para isso, o Governo deve dobrar o orçamento destinado à Funai, por intermédio da arrecadação de impostos das exportações de frutas, carnes e aço, a fim de que mais territórios sejam demarcados, rios sejam despoluídos e que terrenos próximos das populações sejam destinados ao reflorestamento. Ademais, Ongs e escolas devem acatar a data de 19 de abril não como um dia festivo, mas como data para relembrar o genocídio cometido pelos portugueses e conscientizar as crianças acerca do dever de respeitarmos a diversidade. Com essas medidas, podemos a médio prazo alcançar o equilíbrio dos direitos estabelecidos na Carta Magna e a idealização sonhada pelo escritor José de Alencar.