Enviada em: 27/10/2017

Como observado por Eric Hobsbawn, o desenvolvimento do capitalismo contemporâneo não se deu sem grandes convulsões sociais. O processo colonizador na América, motivado por razões econômicas, teceram as raízes culturais de um país tupiniquim reorganizado pelas mãos (e chicotes) do eurocentrismo hegemônico. Os frutos desse processo, indubitavelmente, são percebidos na atualidade em forma de preconceito e invisibilidade. Diante da evidente divida histórica, como (re)estruturar a importância do povo originário no Brasil?       O subjugamento da cultura indígena acontece(u) desde o primeiro contato transcultural, na época da colonização. O português Pero Gândavo ilustra esse viés publicando, em 1576, sobre a desordem e ignorância das tribos brasileiras pela ausência da fé, lei e rei - componentes fundamentais da cultura europeia. Nesse contexto, observa-se que o social determina em grau considerável as vias de conhecimento do mundo circundante (como proferiu Karl Mannheim), desenvolvendo intempéries sociais que perduram na atualidade.       Dentre tais ojerizas, destaca-se a perda de território indígena para latifundiários do agronegócio brasileiro, resultando em uma violência à imagem e semelhança do genocídio - em especial na região norte do país. Esse paradigma compromete a democracia de toda a população do Brasil, tomando como base a perspectiva de análise crítica e empática de Paulo Freire: a libertação só pode ser consumada de maneira coletiva.       Infere-se, portanto, que a estruturação da identidade do índio é fator imprescindível para o bem-estar geral das nações americanas. Para tal, a priori, o Estado deve estabelecer ampla demarcação do território indígena em prazo máximo de cinco anos, além de fiscalizar sua devida aplicação. Alem disso, se faz necessário incluir na LDB a história pré-colonial da América de forma mais aprofundada, com o fito de romper com o olhar eurocêntrico do mundo. Por fim, instituições escolares e organizações indígenas devem estabelecer cooperativas para intercâmbios culturais que visem desconstruir esteriótipos através de palestras, cursos e saídas de campo com estudantes para trabalhar a questão cultural dos índios. Assim, o Brasil caminhará um passo para o desenvolvimento da  plena democracia.