Enviada em: 05/04/2018

Não são poucos os fatores envolvidos na discussão acerca da questão do índio no Brasil contemporâneo. A carta de Pero Vaz de Caminha, escrivão português, contava sobre a presença de um povo que, sob os olhares europeus, precisava ser civilizado: os índios. No entanto, apesar de todos os avanços sociais e ideológicos, ainda observa-se resquícios desse pensamento na atual sociedade. Dessa forma, basta observar a conjunção vigente do povo indígena, sem aceitação social e terras. Logo, compreender os aspectos que levam a esse cenário é fundamental para alcançar melhorias.   Em primeiro lugar, vale ressaltar que o pensamento retrógrado do período colonial se faz presente até hoje na concepção de uma parcela da sociedade. Quando se denomina, no tempo atual, a população indígena como selvagem e imoral perpetua-se a convicção de que esse povo está em segundo plano para a população brasileira. Para ilustrar, é útil a classificação que damos a nossa língua como oficial, enquanto as deles são dialetos, assim como, classificamos a cultura deles como folclore. Com isso, afastamos uma parcela importante da sociedade em razão de preconceito e regressamos mais de 300 anos ao reafirmar ideias equivocadas que promovem a segregação.   Ainda nessa questão, é fundamental pontuar que segundo o Artigo 231 da Constituição Federal de 1988 são reconhecidos aos índios os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las e proteger. Contudo, isso não denota a realidade brasileira, uma vez que a bancada ruralista vem tomando terras indígenas para alocar sua atividade comercial, a agricultura e a pecuária. Com isso, inúmeros índios vêm sendo dizimados, como, por exemplo, o suicídio coletivo de 170 nativos que ocorreu no MS em virtude dos habitantes da aldeia Guarani-Kaiowá serem expulsos da margem do rio Hovy, no município de Naviraí. Assim, além da violação aos direitos dos índios, ocorre, também, um desrespeito à vida humana.   Nesse sentido, ficam evidentes, portanto, os elementos que colaboram com o atual quadro negativo do país e a necessidade de mudanças imediatas. Às ONGs em parceria com a sociedade devem, através de mobilizações e projetos sociais, se associarem à luta dos índios na busca pela sobrevivência, conservando e difundindo sua cultura, além de contestarem opiniões que promovam a segregação, com o objetivo de elevar a consciência social acerca do índio como nativo e cidadão brasileiro. É imprescindível, também, que o Governo impeça a agricultura e a pecuária de avançar para essas terras, através de fiscalizações recorrentes e do aumento de penas punitivas, visando preservar a vida, os costumes e o sustento desse povo. Assim, gradativamente, a frase de Mahatma Gandhi fará sentido para as mudanças que almejamos: "O futuro dependerá daquilo que fazemos no presente".