Enviada em: 08/06/2018

Ao longo da história brasileira, a luta feminina foi repleta de conquistas, como o poder de voto em 1932 com o advento do novo código eleitoral. Contudo, no Brasil hodierno, de acordo com o Instituto de Pesquisa e Estatística Aplicada, IPEA, uma mulher é morta a cada 90 minutos. Isso ocorre em decorrência de um entrave socio-cultural que transfere a responsabilidade das agressões à vítima, fundamenta certos ataques e a impede de denunciar. Portanto, é necessário que o governo aja através dos órgãos competentes a fim de que a situação seja revertida.   Essa problemática é facilmente perceptível desde a América Portuguesa, em que o testemunho das mulheres era sempre questionável e desvalorizado em tribunais. A conjuntura citada se reflete até hoje, quando, em casos de estupro, se dá ouvido aos agressores e não à padecente, em discursos nos quais uma vestimenta provocativa justificaria os ataques sexuais. Esse pensamento contribui à altíssima taxa de violação ao corpo feminino: uma mulher é estuprada a cada 10 minutos de acordo com o Mapa da Violência.   O atraso social mencionado, além de ir contra o que Chimamanda Ngozi, um dos maiores nomes da literatura mundial atualmente, defende, é muito arriscado ouvir apenas uma história sobre alguém, no caso, a versão masculina, já que essa visão excludente ignora outros lados do acontecimento; é, também, um empecilho para que a Lei Maria da Penha funcione de forma plena, já que, por medo ou vergonha da repressão de uma sociedade historicamente machista, muitas pessoas não recorrem a ela para usufruir de seus direitos.   Ocorreu, na Bélgica, uma exposição de roupas de vítimas de abuso sexual. A mostra continha itens que seriam usados por qualquer pessoa, como calças e camisas largas, e foi feita com o intuito de refutar o mito de que o estupro pode ser justificado em certas circunstâncias. Assim, o Ministério da Cultura deve direcionar políticas públicas à Fundação Casa de Rui Barbosa, FCRB, que possui, dentre outras, a missão de congregar iniciativas de reflexão e debate da cultura brasileira, para que sejam feitos movimentos nos museus do Brasil à semelhança do ocorrido no país belga. Dessa forma, cumprir-se-á esta paráfrase de John Stuart Mill: "Sobre seu corpo e mente, as mulheres são soberanas".