Enviada em: 11/08/2019

“Não se nasce mulher, torna-se mulher”. A frase de Simone de Beauvoir, feminista francesa do século XX, permite refletir sobre como os casos de feminicidio representam um desafio para a sociedade brasileira. No percurso histórico da humanidade, a mulher sempre teve seu papel minimizado em relação ao homem, haja vista que já na Grécia Antiga eram totalmente submissas e exploradas pelos maridos. Hodiernamente, ainda diante de uma sociedade machista e patriarcal, esse panorama é ainda pior e, apesar dos crimes sejam recorrentes, as denúncias raramente acontecem, aumentando cada vez mais os índices no país.        É notável que a herança cultural patriarcal afeta o cotidiano de várias mulheres já que desde a antiguidade o homem tem tomado uma postura que a deixa subalterna a seus atos. São constantes as notícias sobre a violência sofrida pelo sexo feminino, em que os casos ocorrem motivados pelo sentimento de posse, desprezo, não aceitação do término do relacionamento e até mesmo a autonomia da mulher. Essas ações e a pequena reação a fim de acabar com o problema sofrido demonstram a normalidade da postura machista da sociedade e a permissão para o seu acontecimento.         Além disso, é oportuno salientar que apesar das leis, como a Maria da Penha, terem contribuído para o crescimento do número de denúncias ainda se faz presente uma limitação. A questão emocional, ou seja, o medo e a insegurança, são motivos que desencorajam. De acordo com as ideias do filósofo John Locke, configura-se como uma violação do “contrato social”, já que o Estado não cumpre sua função de garantir que os cidadãos gozem de seus direitos. Com isso, vê-se a necessidade de medidas em defesa das mulheres vítimas de violência, contribuindo para a diminuição dos casos de feminicídio.         Compreende-se, portanto, que o Governo Federal deve, mediante a ampliação da atuação dos órgãos competentes, como o Ministério da Justiça, assegurar o atendimento adequado às vítimas e a devida punição aos agressores. Ademais, a mídia deve abordar a questão instigando mais denúncias, cumprindo, assim, o seu importante papel social e , as escolas, devem instituir aulas obrigatórias sobre igualdade de gênero, de modo a desconstruir desde cedo ideias preconceituosas. Assim, alcançar-se-á uma sociedade igualitária e de harmonia para ambos os gêneros.