Enviada em: 04/09/2018

''Entra Fernando e sai Fernando e quem paga é o povo, que pela falta de cultura, vota nele de novo e paga caro, com corpo e com a alma'', o trecho é parte da música Stab, do Planet Hemp. Nela, é evidenciado e criticado o papel da manipulação na obtenção de votos e as consequências acarretadas. O voto, de forma consciente, possui papel fundamental na garantia dos direitos básicos da população. Todavia, com a influência dos poderosos latifundiários no Nordeste e, conjuntamente, com a derrocada do interesse dos jovens pelas práticas de cidadania, a conquista do sufrágio universal é ameaçada.    Destaca-se, a princípio, a prática do neocoronelismo nas regiões de carência e abandono social. Durante a República Velha, o poder político nacional era desconcentrado e regional, sendo exercido pelos grandes proprietários de terra: os coronéis. Com isso, nessa época, o coronel administrava seu ''curral eleitoral''- como ficaram conhecidos os que dependiam de sua influência para a sobrevivência - e garantia, através do uso da força e de prática clientelistas, a manutenção do monopólio de seu poderio.  Contudo, passado quase um século e instaurada a ''democracia'' na República, esse contexto ainda é comum em locais de miiséria, como o sertão nordestino. Dessa forma, a política é comandada pelas famílias do agronegócio, passando a função de geração em geração e sustentando-se no baixo grau de instrução da população e na ausência do Estado na garantia de direitos, como saúde e educação.   Outrossim, apesar do voto ser direto, universal e garantido pela Constituição de 1988, ele não é exercido em sua plenitude por inúmeros fatores. Numa democracia, a universalização do sufrágio deveria coincidir com a busca pela igualdade de direitos, assegurando a todos segurança, saúde, alimentação e educação. Entretanto, o desinteresse pela política que provém, principalmente, dos mais jovens, afeta toda a grade eleitoral, contribuindo para a eleição de maus políticos, isentos de sua responsabilidade moral e despreocupados com os problemas sociais. Dessarte, o aumento do apolitismo - recusa a participar da vida cívica - é explicitado na queda do exercício facultativo que, segundo o Tribunal Superior Eleitoral, apenas 12% dos aptos deverão votar, menor taxa desde 2002.    A consciência na hora de votar é de suma importância, devido ao fato dessa escolha influenciar a todos. Cabe, portanto, a adoção de medidas capazes de solucionar os problemas envolvidos. O Estado, em conjunto com as mídias sociais, deve trabalhar com campanhas no incentivo ao discernimento em relação aos candidatos e a importância da prudência, todos buscando sempre representantes para os seus ideais. Bem como, é necessário a elaboração, pelas Secretarias de Educação, de um plano de educação com a explicação de todo o sistema político, seu funcionamento e expansão do senso crítico, como forma de despertar o interesse da nova geração para as questões governamentais.