Enviada em: 01/11/2018

Desde a ancoragem de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro, as principais atividades econômicas desenvolvidas no Brasil ocorrem em função, e em detrimento, dos biomas locais: seja pela extração do pau-brasil, seja pelo desmatamento promovido para o plantio de cana-de-açúcar ou café. Atualmente, a exploração dos ecossistemas continua: o cerrado é substituído por pastos e a indústria madeireira avança sobre a Floresta Amazônica. Esse processo está relacionado à preferência da iniciativa privada por investimentos baratos, num país em que os críticos do desmatamento são silenciados.       Nessa conjuntura, nota-se larga ocorrência de atividades econômicas de baixo grau de investimento: pratica-se pecuária extensiva ao invés de intensiva; extração da madeira nativa em vez da originada por reflorestamento. Observa-se também que o desmatamento atual ocorre em escala muito maior que o do período colonial, em decorrência tanto do progresso técnico quanto do aumento exponencial da população e dos mercados.       Outro aspecto relevante é o tratamento que os ambientalistas sofrem no país. De acordo com a ONG Global Witness, o Brasil é o país em que mais morrem ativistas ambientais. A irmã Dorothy Stang, incentivadora do desenvolvimento sustentável, disse - antes de ser assassinada - que a morte da floresta é o fim da nossa vida. Isso ilustra a relação entre as comunidades ribeirinhas e a mata. Em viés similar, o seringueiro e ambientalista Chico Mendes, também morto em virtude da preservação que pregava, defendeu as matas: “não quero flores no meu enterro, pois sei que vão arrancá-las da floresta”.       Portanto, para que as regiões brasileiras da biosfera sejam protegidas e possam continuar a gerar riquezas por mais 500 anos, algumas medidas são imprescindíveis. Primeiramente, é necessário que haja fiscalização, pelo IBAMA, das fronteiras agropecuárias do país, com o objetivo de impedir seu avanço. É também vital que pesquisas e investimentos sejam feitos, pela EMBRAPA e pela iniciativa privada, em técnicas de produção que aproveitem melhor os espaços já ocupados, freando o desmatamento. Além disso, é necessário que a União ofereça proteção, através da Polícia Federal, para ambientalistas ameaçados de morte. Por fim, é fundamental que haja, por parte da Polícia Civil e do Poder Judiciário, a investigação de assassinatos de ativistas e a condenação dos culpados, de modo a evitar futuros crimes dessa natureza.