Enviada em: 28/10/2017

Sonho ufanista         Na obra pré-modernista “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, do escritor Lima Barreto, o protagonista acredita fielmente que, se superados alguns obstáculos, o Brasil projetar-se-ia ao patamar de nação desenvolvida. Hodiernamente, é provável que o major Quaresma desejasse pôr fim ao cyberbullying, situação lamentável e muito frequente no país. Esse cenário perdura, principalmente, por falhas pedagogicas somadas à deficiente conscientização.          Em primeiro lugar, é notório que deficiências educacionais estão na origem do problema. De acordo com o poeta e ensaista inglês Joseph Addison, a educação é para a alma o que o escultor é para um bloco de mármore. Por conseguinte, pode-se entender que o ensino é responsável por moldar o homem, seja em sua personalidade seja em suas relações sociais. Desse modo, problemas como o bullying persistem porquanto a educação brasileira ainda é, majoritariamente, voltada para o mercado de trabalho em vez de valorizar a formação cidadã do adolescente.                                                                   Além disso, o estagnado ideário brasileiro é um entrave à resolução desse fenômeno. Conforme disse o poeta modernista Carlos Drummond de Andrade, a educação visa melhorar a natureza do homem e, por isso, nem sempre é aceita por esse. Desse modo, as campanhas de conscientização dos jovens sobre a importância do combate ao cyberbullying não obtem êxito pois esbarram no comportamento reacionário do ser humano que busca manter um mesmo conjunto de valores morais. Contudo, uma mudança nesse quadro é possivel com uma transformação na maneira como essa mensagem é transmitida à população.           Denota-se, portanto, que combater o cyberbullying constitui um sério desafio para o país. Ao Estado, na figura de Ministério da Educação, compete enfatizar a formação social dos alunos por meio da inclusão de uma nova disciplina chamada Educação Cidadã na grade do ensino fundamental, objetivando formar jovens atentos e conscientes ao uso da internet. Paralelamente, a escola, estimuladora do pensamento crítico, deverá optar pela conscientização sobre a temática por meio de dinâmicas de grupos e jogos educativos, em vez de palestras e aulas impopulares entre os alunos, objetivando tornar a educação mais persuasiva e formar jovens mais atentos e conscientes à questão do bullying. Assim, com Estado e sociedade civil unindo forças em prol de um país mais justo e humano, o sonho ufanista do major Quaresma estará mais próximo de tornar-se realidade.