Na obra cinematográfica "Her", um homem se apaixona por um sistema operacional depois de terminar seu relacionamento com alguém do mundo real. Ao longo da trama, ele acaba se isolando ainda mais no mundo virtual, tornando-se profundamente dependente do software. Fora da ficção, essa dependência está se tornando muito presente na vida dos usuários da internet e contribui para a limitação da capacidade de reflexão dos mesmos. Diante desse aspecto, convém avaliar os fatores que influenciam esse quadro. Segundo o romancista francês Victor Hugo: "O que conduz e arrasta o mundo não são as máquinas, são as ideias". Consonante à visão do escritor, as novas tecnologias são criadas para facilitar a vida dos seres humanos em suas funções cotidianas, porém não são substitutas das mentes que as inventaram. Hoje, a internet dispõe de muitas informações de fácil acesso a internautas de todas as idades e promove uma universalização do conhecimento para quem a utiliza. Entretanto, a rede é responsável pela divulgação de diferentes tipos de ideias, destinadas, por exemplo, à didática ou ao entretenimento e, muitas vezes, as duas finalidades se confundem, propiciando o surgimento de falácias e informações sem fontes confiáveis que se espalham de forma descontrolada e atingem uma grande quantidade de pessoas. Assim, o que poderia ser um avanço, acaba sendo um retrocesso. É importante perceber que o fenômeno da internet, embora universalize o conhecimento, também contribui para o surgimento das chamadas "bolhas sociais". As redes sociais causam, em quem as utiliza, uma falsa impressão de socialização, uma vez que a interação entre pessoas ocorre com o usuário e uma tela de computador, tablet ou celular, podendo a pessoa estar isolada do mundo exterior - como mostrado no filme "Her" - ou não. Além disso, o internauta consegue filtrar as informações que quer ou não receber, seja acessando um determinado site de notícias favorável a certo posicionamento político, ou procurando uma temática específica nos buscadores da web. Isso faz com que a falta de embate de ideias enfraqueça suas ponderações sobre a realidade em que está inserido. Dessa maneira, providências podem ser tomadas para possibilitar uma maior capacidade de reflexão nos internautas. É importante que o Ministério da Educação convide palestrantes às escolas para alertar aos alunos e aos pais que esse crescente fenômeno da internet pode afetar de alguma forma o desenvolvimento do pensamento crítico nas crianças e jovens. Cabe ainda, ao Ministério da Cidadania, responsável pela cultura, promover debates e campanhas, combinadas a feiras de arte e música para questionar e criticar os efeitos positivos e negativos que a internet exerce sobre a sociedade atualmente. Dessa maneira, ideias conduzirão uma sociedade como audazes máquinas.