Enviada em: 17/10/2019

Em bicicletas pelas cidades grandes fazendo entregas, em casa cuidando dos filhos ou atuando como revendedores de cosméticos, os jovens conhecidos como "nem-nem", ou seja, que nem estudam nem trabalham, são mais de 20% no Brasil. O combate aos altos índices de jovens "nem-nem" no contexto socioeconômico brasileiro correlaciona-se intimamente com a prevenção de gravidez na adolescência e com a mudança na abordagem educacional.       Em primeiro plano, o perfil do jovem "nem-nem", é de meninas e mulheres negras, pobres e com filhos, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A falta de perspectiva de futuro leva ao não planejamento familiar e à gravidez precoce. Essa condição dificulta a manutenção dessas mulheres na escola e , consequentemente, sua maior qualificação para o mercado de trabalho. Apesar disso, muitas jovens encontram o sustento em trabalhos informais, conhecidos como "bicos", ao contrário do que sugere o termo "nem-nem".       Além disso muitos jovens abandonam o ensino formal por motivos relacionados à sua condição socioeconômica, como ter que ajudar no sustento da família e a presença de facções criminosas que impedem seu deslocamento até o local de estudo. Associado a esses fatores está também o desinteresse, que surge por conta de um material padronizado que não dialoga com a realidade desses jovens. É preciso que a escola seja uma alternativa para uma vida melhor.       Torna-se evidente, portanto, que o sistema de ensino público ´precisa atrair de volta esses jovens. Para isso, o Ministério da Educação deve delegar, a cada unidade federativa, a responsabilidade de elaborar seu próprio material didático, de forma que esse dialogue com a realidade de cada região e seja pertinente à vivência dos estudantes que nelas vivem, para que eles vejam nessa instituição uma aliada para seu desenvolvimento como indivíduo dentro da nossa sociedade.