Enviada em: 01/06/2017

Durante a Inquisição, na Europa, a Igreja Católica utilizava de tribunais para perseguir pessoas acusadas de desviarem dos ensinamentos religiosos. Nesse ínterim, muitos doentes mentais foram acusados de bruxaria ou de estarem possuídos e acabaram queimados em fogueiras nas praças públicas. No entanto, a despeito dos avanços médico-científicos no tratamento aos problemas de saúde mental, ainda persiste no Brasil o preconceito associado à falta de conhecimento sobre o tema. Nesse sentido, é necessário um amplo debate acerca dos distúrbios que afetam a mente.     Segundo Albert Einstein, modificar a maneira de pensar é a melhor forma de resolver problemas. Não obstante, a sociedade brasileira insiste no hábito, culturalmente enraizado, de não tratar o doente mental como sujeito de direito, excluindo-o da convivência social. Nesse contexto, ao longo do século XX, essas pessoas foram marginalizadas e internadas compulsoriamente em manicômios, sem receber o tratamento adequado. A partir da Lei Antimanicomial de 2001, ocorre uma reformulação no modelo de assistência e proteção aos direitos dos portadores de transtornos mentais. Apesar disso, o estigma social do problema faz com que muitos indivíduos não busquem tratamento.     Outrossim, a situação é agravada pela omissão do Estado. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, no Brasil 23 milhões de pessoas têm algum transtorno mental. No entanto, a rede de atendimento público é insuficiente. Segundo o Ministério da Saúde, há no país apenas 2.155 Centros de Atenção Psicossocial (CAPs). Diante da falta de investimentos e de unidades básicas de saúde com atendimento psiquiátrico, doentes não recebem o tratamento adequado, o que poderia melhorar ou mesmo evitar o sofrimento do paciente e de sua família. Por conseguinte, convém transformar essa realidade.     Torna-se evidente, portanto, que medidas são necessárias para resolver o impasse. Nesse aspecto, é fundamental que o Ministério da Saúde implante uma política nacional para o tratamento de doentes mentais, redirecionando verbas para a instalação de novos CAPs e para formação de profissionais de saúde especializados. Cabe à Mídia veicular comercias e propagandas, levando informações à comunidade e às famílias sobre as doenças mentais e seus tratamentos, no intuito de reduzir o preconceito. Ademais, o setor privado deve direcionar vagas de emprego a essa parcela da população, além de desenvolver atividades recreativas, com objetivo de reintegrá-las ao convívio social e garantir-lhes cidadania.