Enviada em: 06/03/2019

Protagonismo político       O final do séc. XX representou um momento de grande euforia para a juventude brasileira, a qual foi protagonista de dois grandes movimentos políticos da história: o dos "caras pintadas" e o das "Diretas Já!". Porém, percebe-se, hodiernamente, pouco mais de duas décadas após tais momentos históricos, uma redução expressiva da participação política dos jovens. As consequências da popularização da internet são a principal causa dessa diminuição, tendo em vista que o jovem se acomodou e perdeu o interesse pela política devido a dois fatores relacionados ao mundo cibernético.       O primeiro é a popularização do ativismo virtual. Os jovens exercem sua participação política, emitindo opiniões, participando de campanhas, discussões, e protestando, somente pelas redes sociais. Esse comportamento acomodado revela-se irrelevante e ineficaz quando comparado a manifestações de rua, pois essas, por se situarem no mundo físico, chamam mais atenção e exercem maior pressão social. Deve-se considerar, ainda, que os movimentos sociais, os quais atuam no espaço físico, são, segundo o sociólogo Anthony Giddens, a alma da democracia, são extremamente prejudicados pela acomodação, pois ela impede que as pessoas saiam às ruas e participem efetivamente da política.       Assim como o ativismo na internet, o segundo fator limitante do engajamento político dos jovens são as fake news e os seus efeitos. De acordo com o filósofo Michel Foucalt, as instituições de poder só são legitimadas por meio de regimes de verdade. Portanto, com a disseminação de notícias falsas, ocorre um colapso de confiança, o que causa um desinteresse pela política, principalmente entre a juventude, que é mais conectada à rede. Dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) confirmam o efeito das fake news: nas eleições de 2018, apenas um quinto dos jovens entre 16 e 17 anos tirou título de eleitor, representando a menor participação dessa faixa etária desde 2002.       Destarte, é de fundamental importância que os novos fenômenos gerados pela internet sejam combatidos, para que o protagonismo da juventude seja recuperado. No âmbito educacional, com o intuito de incentivar os jovens e lutar contra o comodismo, o Ministério da Educação tem que criar um programa nacional de participação política nas escolas, com a realização de feiras que abordem a história de luta dos movimentos sociais, de debates e palestras que promovam a importância da participação política como forma de mudar a realidade social. Concomitantemente, o Ministério da Ciência e Tecnologia deve desenvolver um aplicativo de combate às fake news, inspirando-se na Cofacts, plataforma do Taiwan que checa a veracidade de notícias, utilizando um banco de dados atualizado em tempo real, de modo a recuperar a confiança e o interesse dos jovens pela política.