Enviada em: 10/03/2019

A força dos jovens na política ficou muito explícita quando um tunisiano ateou fogo ao próprio corpo como forma de protesto contra o governo de seu país. Esse ato deu início à chamada Primavera Árabe, cujas manifestações pressionaram ditadores de diversos países da região. Nesse contexto, no Brasil, os jovens estão experimentando uma aproximação com temas políticos devido à grande insatisfação com o cenário corrupto que se instalou no país há décadas. Porém, ainda enfrentam dificuldades como a falta de representatividade e o próprio desconhecimento da estrutura governamental, necessitando, assim, de medidas que os incentivem e endossem sua participação na política brasileira.       Em primeiro lugar, é preciso que a juventude entenda a força que possui. Por conseguinte, pode-se afirmar que ela começou a perceber isso em 2013, com as manifestações populares que ocorreram no país. Nelas, os jovens tiveram provas de seu poder de mobilização, o qual foi amplificado graças às redes sociais. Entretanto, depois disso não houve grandes manifestações e os jovens se conformaram a protestar apenas via computadores. Desse modo, é importante que eles retomem sua participação de forma ativa, pois, de acordo com dados publicados no jornal Estadão, um terço do eleitorado é formado por jovens, o que demonstra seu poder para interferir na conjuntura política atual.       Nesse sentido, além do despertar político ser feito de forma ativa, é necessário mais representatividade e uma educação política que insira o jovem nesse âmbito. Diante desse cenário, constata-se que ainda existem poucos deputados mais novos, o que faz os jovens pensarem que não existe espaço para eles. Outro desafio é que grande parte dos adolescentes não tem conhecimento sobre os três poderes ou como se aprova uma lei, contribuindo para que a juventude permaneça à margem do fazer político moderno. Dentro desse espectro, os jovens precisam se aproximar, porque, de acordo com Habermas e seu conceito de democracia deliberativa, é preciso que toda a sociedade civil participe e ajude a regular a vida coletiva para que todos os direitos se mantenham assegurados.       Fica claro, portanto, que, embora a juventude tenha se aproximado da política nos últimos tempos, ainda existem desafios. Para ajudar a superá-los, a Secretaria de Justiça, em parceria com os diretores de centros educacionais, pode estabelecer a criação de eleições de grêmios estudantis nas escolas. Isso despertará o interesse nos alunos a participarem desses coletivos, aguçará seu senso crítico e incentivará que lutem por suas reivindicações. Em soma, o Ministério da Educação deve incluir na grade curricular uma educação política. Por meio de explicações do funcionamento do governo em aulas de sociologia e palestras com jovens deputados, os discentes serão encorajados à vida pública a fim de aumentarem sua participação e darem início à primavera brasileira.