Enviada em: 20/03/2019

De um lado, a velha política formada em sua maioria por homens brancos, ricos e filhos dos senhores de outrora. Do outro lado, jovens sedentos por mudanças, cheios de indignações mas apáticos e sem representatividade. Assim, cada vez mais jovens se distanciam da participação política: por se verem sem voz e sem representação por aqueles que os deviam no mínimo os ouvir.     ''Escurece, e não me seduz tatear sequer uma lâmpada. Pois que aprouve ao dia findar, aceito a noite''. O trecho do poema de Carlos Drummond de Andrade traz á tona um olhar cético sobre a realidade, na qual, o eu lírico confessa não ter desejo de buscar a luz, assim como o jovem brasileiro. Um terço do eleitorado atual é formado por jovens entre 16 e 33 anos, número significativo e suficiente para mudar o resultado de uma eleição, mas ainda assim, os jovens permanecem calados. É fato o crescimento de manifestações online e físicas (como as de 2013) mas ainda é pouco em relação ao real poder de mudança dos jovens. E a razão é muito simples: mesmo quando se manifestam encontram ouvidos surdos. A passagem de ônibus, pivô das manifestações, por exemplo, voltou a subir semanas depois. A realidade é essa, sem jovens dentro das instituições pouco será feito a seu favor e suas demandas continuarão como secundárias e suas pautas arquivadas.       Outro fato é que facilmente confunde-se participação com informação. O jovem de hoje é sim mais bem informado por conta da internet e da força das redes sociais  mas isso não quer dizer que ele participa mais. A descrença diante dos partidos políticos é uma das maiores razões. Os jovens que antigamente se filiavam a partidos para defender causas importantes, hoje preferem expor suas opiniões online por não acreditarem mais nos partidos, seja pela corrupção seja pela comodidade. Pouco são aqueles que são conscientes da necessidade de sua participação na estrutura democrática para resolução da representatividade e menos ainda aqueles que real noção do poder de um voto. Criou-se uma juventude informada mas omissa e é preciso quebrar esse ciclo para mudar o país.            A representatividade é, portanto, a chave para a maior participação do jovem na política pois se a  política define o futuro cabe ao jovem decidi-la, afinal, ele é o futuro. ONGs como a Vetor Brasil, que conecta jovens a cargos públicos de alto impacto criando trainees de gestão pública, devem ser incentivadas e apoiadas pelo Estado. Além disso, é fundamental a constante formação de jovens engajados, no ensino básico com a introdução de ciências políticas na grade curricular (projeto que foi proposto em 2012 mas que até hoje não foi aprovado) e promoção de debates em universidades públicas e privadas. Assim, talvez, o ciclo se quebre e vejamos mais jovens buscando a luz e ocupando seus espaços de direito.