Enviada em: 22/03/2019

Nos tempos exórdios do século XVIII, o Brasil estava vivendo o período que, posteriormente, ficou conhecido como o "Mal do Século" pela literatura brasileira, o qual consistia na crise das crenças e valores entre os jovens. Analogamente, em tempos hodiernos, observa-se que a juventude tem vivido as características de tal época, visto que olham com descrença para a política brasileira e desconsideram a importância de sua participação para decisões importantes acerca do futuro do país. Nesse ínterim, existem fatores que merecem destaque como fomentadores de tal problemática, tais quais: os lapsos na educação brasileira e a desvalorização do jovem pela própria família.       Em primeira análise, é válido ressaltar que a atuação ativa da juventude em assuntos de cunho político e social no território brasileiro possui grandes precedentes, cujos resultados refletiram, até mesmo, nos altos cargos públicos, como no Movimento dos Caras Pintadas, o qual urgiu no impeachment do então presidente Collor. Entretanto, tal grupo, ao longo dos anos, foi alvo dos grandes problemas da educação pública, como o desvio de verbas e a falta de oportunidades, os quais resultaram no desinteresse de assuntos democráticos, haja vista que a participação do jovens nas decisões sociais é reflexo das vertentes educacionais presentes nas regiões do país.       Em segunda instância, como resultado de tal problemática, outro fator contribuinte ao ceticismo da juventude é o desinteresse familiar em conteúdos políticos, causado, em grande parte, pela desinformação e ausência de criticidade, o qual dialoga com a teoria platônica do Mito da Caverna, em que a família representa os escravos que aniquilam o cativo recém liberto, visto que são desconhecedores da verdade, o que contribui com a paralisia dos progressos sociais. Portanto, parafraseando a célebre teoria de Thomas Hobbes, a intervenção estatal é necessária como forma de proteção dos cidadãos de maneira eficaz.     É evidente, portanto, que existe a necessidade da valorização do jovem nas decisões que regem o futuro do país. Para tanto, urge que o Governo Federal, em parceria com o Ministério da educação, promova palestras mensais em escolas de nível básico acerca da importância da atuação política da juventude brasileira. Isso poderá ser feito por meio da promoção do contato direto entre educadores de sociologia e filosofia e alunos em rodas de debates, com o uso de linguagem de fácil compreensão do grupo, abordando temáticas sociais, a fim de despertar a formação do senso crítico nos estudantes. Assim, o Brasil poderá romper com a ideologia do Mal do Século presente na sociedade e viver, consequentemente, em "Ordem e Progresso", como posto na bandeira nacional.