Enviada em: 16/05/2019

Juventude na Ágora       Desde a democracia ateniense, na antiguidade clássica, até os preceitos dos Estados contemporâneos, a participação do cidadão nos processos políticos é requisito de representatividade e legitimidade da ordem social. Nesse diapasão, o engajamento político dos jovens, especialmente com o surgimento e a popularização das redes sociais, se faz importante no tocante à promoção da cidadania e das diversidades. Assim, cabe avaliar as barreiras encontradas nesse processo, além do papel da educação no processo de emancipação política dessa parcela da sociedade.             Em primeira análise, é indubitável que o processo político perpassa por uma participação ativa dos indivíduos. Ademais, na polis grega, a Ágora era o símbolo da estrutura política, por representar o local onde os cidadãos poderiam discutir e debater os temas pertinentes ao convívio em sociedade. Nesse entendimento, Aristóteles, em sua obra “Política”, sustenta que o caracteriza propriamente o cidadão é o direito de manifestação e expressão no exercício do poder político diante da coletividade. Consequentemente, ao se falar em política, necessariamente se trata de ação e engajamento.              Em segunda análise, dentro desse viés participativo, os jovens representam, muitas vezes, uma voz contestatória e vanguardista, indispensável para a evolução do aparato democrático. Tal premissa pode ser comprovada na história do Brasil hodierno, como em 1992, quando o movimento dos Caras Pintadas reivindicou o impeachment do presidente Fernando Collor, e, mais recentemente, no que ficou conhecido como “Manifestações de Junho”, em 2013, onde, graças ao alcance das plataformas digitais, milhares de pessoas ocuparam as ruas da capital federal. Por conseguinte, a relevância da inserção da juventude nos debates políticos reside na própria política enquanto ação interativa.          Evidencia-se, portanto, a necessidade de que os desafios inerentes à capacitação do jovem enquanto ator político sejam enfrentados. Por isso, é substancial que o Ministério da Educação, em uma ação conjunta com os representantes dos Poder Executivo local, promova palestras e projetos interdisciplinares, em escolas públicas e privadas, com a participação de sociólogos e cientistas políticos, ressaltando a importância do envolvimento dos estudantes nos debates e decisões da comunidade em que estão inseridos. Dessa maneira, deve-se buscar caminhos para a promoção da autonomia e emancipação desses jovens, estimulando a sua participação na vida política como elemento de cidadania, assim como simbolizava a Ágora no seio da democracia ateniense.