Enviada em: 01/07/2019

Sabe-se que na década de 80, o Brasil viu uma geração que cresceu em meio à ditadura se levantar e lutar pelo direito de participar politicamente na vida do país por meio do voto. Esse movimento viria a ser conhecido como “Diretas já”, que, apesar de não ter atingido seu objetivo principal, tornou-se um marco da democracia. Alguns, contudo, dizem que, pela forma como os jovens do século aparentemente tratam o voto, foi uma batalha em vão. O questionamento que se faz hoje é se eles realmente não se importam com a política ou se estão recriando o modo de fazê-la.       Primeiramente, é preciso levar em consideração que há um enorme descontentamento com relação à participação pelo voto em muitas democracias pelo mundo. Segundo dados da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a diminuição da quantidade de adolescentes entre 16 e 18 anos que não votam enquanto não são obrigados é apenas mais uma prova disso. Essa questão, porém, é cultural: fomentada dentro de casa, com famílias que preferem ignorar o assunto a ter discussões críticas sobre o tema, e na escola, que valoriza muito o conteúdo, mas pouco prepara o aluno para a realidade do “ser cidadão”.        Além disso, é preciso levar em consideração que ser um sujeito ativo politicamente não se restringe a votar. Na verdade, é fazer valer a sua voz dentro do Estado Democrático de Direito. Muitas vezes, aquele que não vota, mas que busca direitos seus e de outros por meio das redes sociais, por exemplo, participa mais que alguém que vai às urnas quando é obrigado, sem, contudo, acompanhar os reflexos do ato. Nesse sentido, podemos ver uma juventude engajada e participativa, que também vai à luta e às ruas e, como exemplo, é oportuno citar o evento ocorrido em 1992, que marcou o primeiro impeachment do país, sofrido por Fernando Collor, no qual a população e, principalmente a massa estudantil, exigiam o afastamento do presidente do cargo, obtendo sucesso.         Fica claro, portanto, que apesar de aparentemente desinteressada quanto à política, a juventude do século XXI utiliza das ferramentas que tem à disposição para mostrar a força de sua voz. Contudo, ainda há muito a ser feito para que esse engajamento e essa energia sejam aproveitados em prol da nação. Cabe ao Poder Legislativo a criação de leis, como de implantação de matérias no currículo escolar para discussão e debates de questões políticas nas escolas, promovendo também a integração de matérias das ciências humanas, como a filosofia e sociologia. Dessa forma, o estado, de forma geral, estará incitando a participação da população jovem na política, retirando assim a visão equivocada que há dessa população.